Acorda, Billy! Capítulo 18

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Capítulo 18


Mas quanto mais entrávamos mais sons que eu não reconhecia enchiam minha cabeça.
“Lararararaaaaa!” Uma voz rápida estava cantando.
“Vamos, vamos! Você tá me atrasando! Árvore!” Outra voz falou do meu lado. Mas somente uma mulher ia passando com seu cachorro serelepe. A voz não combinava com ela.
“Uiiiiiii! Ó que legal! Uiiiiii! Giro inclinado, uiiiiii!” Uma voz fina acima de mim.
“Não percam a trilha! Não percam a trilha! Cuidado o esmagador está vindo, ahhhhhhhhhhhh! Não percam a trilhaaaaa!!” Abaixo de mim, várias vozes minúsculas logo depois de eu pisar em um formigueiro.
Todos esses sons que eu nunca havia escutado. Se confundindo um com o outro, uma loucura na minha cabeça.
“Vocês estão ouvindo isso tudo? Que vozes são essas?” Eu perguntei aos outros dois.
“São as outras criaturas que tem na Terra, ué.” Zea responde.
“Mas porque eu estou ouvindo vozes? Todos podem falar?!” Minha cabeça começou a doer um pouco “Até as formigas?”
“Deve ser o tradutor que eu coloquei em você.” Jan respondeu. Seus olhos ficaram amarelos e desconfiados como os de Phillip.
“E é claro que eles podem falar, ou melhor, se comunicar. Os humanos só se acham superiores demais pra tentar entender os que são diferentes…” Zea disse com um pouco de desprezo.
Nós chegamos num lugar tranquilo. Parecia perfeito pra um piquenique. Zea pegou uma toalha e estendeu na grama, debaixo de uma árvore ao lado do lago. Era fim de tarde e o tempo estava tranquilo e agradável. Se divertir ao pôr-do-sol era a ideia. Não poderíamos deixar ninguém olhar muito para os bichinhos. Eles não pareciam nem um pouco com os outros. E o pôr-do-Sol os disfarçaria bem.
“Mas os humanos realmente não deveriam reconhecer qualquer tipo de comunicação em animais muito menores, Zea. Mesmo com o tradutor isso não seria possível.”
“Mas por que eu não tinha percebido nada disso até agora?” Perguntei.
“Não sei. Mas vir a um lugar tão cheio de vida pode ter ajudado.” Jan respondeu.
Eu sentei e peguei um sanduíche da caixa. Zea bateu na minha mão.
“Espere os outros se sentarem também. Seja educado!”
Zea tinha passado a me reeducar nos últimos dias. Jan riu e se sentou.
“Sim, mãe…” Eu bufei. “Mas por que não deveríamos entender, Jan?”
“Porque esses animais muito menores, como os pássaros e os insetos, têm a vida e a sensação de tempo muito diferentes da dos humanos. São rápidos demais. Eles vivem quase em outra dimensão.”
Eu peguei um sanduíche fazendo cara feia pra Zea e perguntei:
“Hummm… Se é assim então por que eu estou ouvindo tantas?”
Jan olhou para as próprias mãos por um tempo.
“Para ouvir essas vozes seus sentidos teriam que ser melhores do que a absoluta maioria dos animais da Terra…”
“Hummm…”
Mais uma coisa complicada. Sinceramente, desde que eu me juntei a esses dois eu me sinto completamente burro.
Eu peguei um chaveiro que estava preso na calça. Tirei as chaves e coloquei na bolsa de Zea. Era um chaveiro de metal da Hello Kitty que minha irmã tinha me dado. Eu tinha que trocar isso de qualquer forma. Minha irmã tinha um senso de humor muito ruim.
Coloquei o chaveiro na frente do mini-tigre, em cima da toalha. Ele agarrou e saiu pra qualquer lado. Ele não ia dividir. Hehehe. Que bicho engraçado.
“Então, meu sentidos são bons demais, é isso?” Eu perguntei a Jan.
Ele não estava me ouvindo.
Por um momento eu pensei ter visto olhos vermelhos, dentes afiados e chifres do rosto dele. Mas ele estava completamente normal quando disse:
“Desculpa, gente. Eu tenho que resolver alguns problemas na nave. No jantar nós nos vemos.”
Ele se levantou. Se agachou do meu lado e segurou minha mão como se estivesse me cumprimentando.
“Bom trabalho!”
“Ai!”
Alguma coisa picou meu pulso.
Ele levantou rápido e saiu correndo com Phillip.
Tem horas que esse cara fica bem estranho.
“O que há com ele?”
“Ele se preocupa demais com a nave.” Zea respondeu. Ela não pareceu se importar muito.”

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