Capítulo 15
“Haha! Eu o fiz pra ser um tipo de mascote. E a inteligência artificial na nave é programada pra se aproximar dos tripulantes, mesmo que tenha que mudar um pouco a personalidade. Ele pegou uma amostra de sangue. Ele vai tentar se aproximar de você, inicialmente pelo DNA, e, depois, observando você. Ele não é um ser vivo propriamente dito, mas ele é um ser orgânico com inteligência, mesmo que tudo seja artificial.”
Sem aviso nenhum a bolinha verde começou a girar num pequeno tornado como aconteceu na mesa de jantar. Enquanto girava eu notei que dessa vez ele tinha quatro pernas. A forma foi ficando cada vez mais definida. E então brilhou. Fechei os olhos por causa da luz.
Sentado no meu colo tinha um felino. Não era gato. Eu não conseguia saber o que era. Ele era preto com listras cinza e olhos verdes. Parecia um tigre de cabeça grande que cabia na minha mão.
Ele estava lambendo a pata direita como se estivesse estado ali sentado todo o tempo. Ele olhou pra mim.
“O meu DNA é de um… isso?!”
Jan olhava pro bicho com muita curiosidade.
“Tigre? Não, na verdade era pra se parecer com um humano ou algo assim. Mas o seu DNA ainda está confuso. Talvez seja isso, e em algum tempo ele mude de novo. Isso é realmente interessante.”
Enquanto Jan olhava, de dentro do seu bolso saiu um gato laranja com olhos preguiçosos. Ele olhou de um lado a outro e viu o bicho no meu colo. Imediatamente, ele se transformou em um diabinho vermelho com um sorriso maldoso. Ele andou pelas poltronas e chegou perto do meu colo. O sorriso dele aumentou e estendeu as mãozinhas pra agarrar o rabo do meu bicho. O mini-tigre girou o corpo e grunhiu baixo. Mesmo sendo bem pequeno ele parecia poderoso perto do diabinho. O corpo do diabinho se transformou em um cachorro de orelhas longas e ele correu ganindo pra trás de Jan. Logo depois, uma cabeça laranja apareceu de novo. Um gato desconfiado.
“E isso aí?”
Cansei de ficar surpreso, vou só aprender as insanidades deles…
“Esse é o meu…” Jan respondeu sem tirar os olhos do mini-felino no meu colo.
“Isso eu vi. Mas por que ele fica mudando de forma?”
“Ahh, isso. Ele muda de forma de acordo com suas emoções. Como eu. Isso é o que a minha espécie pode fazer. Mas ele é como uma criança, e não controla as emoções bem o suficiente pra manter uma forma. Essa é a forma como nossas emoções saem do corpo.”
“Então você não tem forma?!”
Eu sabia! Um cara não pode ser bonito assim sem mágica!
“Tenho. É essa aqui. Só que eu consigo guardar minhas emoções. Eu sou quase humano até não conseguir segurar meus sentimentos. Mas eu não transformo totalmente igual o Phillip aqui.”
De novo. Jan sendo o maldito Jan.
“Phillip? O nome dele é Phillip?”
“Sim, eu que escolhi. Mas alguma coisa me diz que esse aí já tem nome.”
Eu olhei pro bicho no meu colo. Ele estava me olhando de um jeito engraçado. Tinha desdém, curiosidade e um pouco de desafio. Isso é um gato não importa como eu olhe.
“E qual o nome?”
“Eu não sei. Chame ele do que quiser. Mas acho que ele já deve ter um nome. Só não me pergunte muito. Zea vai me matar se eu falar demais.”
“Você disse que eu faço parte do grupo agora…” Eu estava mais resmungando do que qualquer coisa. Se Zea disse, eu não podia fazer nada.
“Falando nisso, Zea pode se transformar como você?”
“Sim, mas não do mesmo jeito. O planeta de Zea foi colonizado pelo meu há muito, muito tempo atrás. Nossos planetas estão na mesma galáxia. Mas alguma coisa mudou no caminho deles e eles acabaram ficando com uma só transformação. Mas é mais profunda que as nossas. São únicas e completas.”
“Então, Zea pode se transformar completamente em alguma coisa? O quê?”
“Ohh. Pergunte a ela quando puder. Ela não vai gostar se eu disser.”
Quando eu estava prestes a protestar, a garota, Cissa, veio correndo em nossa direção.
“Eu preciso que Will venha comigo. A mocinha precisa da sua ajuda.”
Eu me levantei rápido e tive um mini infarto quando eu lembrei do mini-tigre. Mas ele não estava no meu colo. Procurei no chão e no banco até que eu senti o volume no meu bolso. Quando ele tinha ido pra lá?
Decidi não dar um nome a ele até alguém me falar sobre isso. Não deve demorar muito, mas acho que vou chamá-lo de mini-tigre até lá. Isso é exatamente o que ele é, não? Um mini-tigre…
Cissa agarrou minha mão e me guiou entre os corredores de roupas sem me dizer nada.
Quando chegamos perto da entrada para os provadores ela me empurrou e disse:
“Ela precisa da sua ajuda, então, entre e ajude.”
Aaaannnhhhh?!
“M-mas…”
“Não tem mais ninguém aí a essa hora da manhã, e se alguém chegar eu te tiro daí antes. Vamos. Entra, rápido!”
Ela me empurrou e saiu pela passagem.
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