Capítulo 14
Ele olhou pra algum lugar à frente, e com certeza não eram as roupas que estavam nos cabides ali perto. Acho que nem era nesse planeta. Então, continuou:
“Zea apostou em você. Não posso falar por ela, mas ela espera muito de você. Você foi a pessoa que a salvou, e acho que algo mudou naquele coração. Ela depende de você… E eu me diverti muito desde que cheguei. Eu meio que dependo de você também.”
“Vocês só me conhecem há alguns dias.” Eu ainda estou incrédulo ouvindo aquilo.
“Eu sei. Hahahah! Mas, sabe, eu acho que todos nós temos um espaço dentro de nós esperando por alguém. Algo como se o sentimento já estivesse preparado e só faltasse a pessoa. Você meio que tomou esse espaço à força…”
Eu fiquei olhando pra ele. O que a gente responde nessas horas? Eu sempre sonhei em garotas se declarando pra mim, mas um cara?! Desse jeito?! Tenho que fazer esse cara cair na real.
“Eu não gostei muito de você quando te vi.” Ele continuou “Te achei fraco e extremamente humano. Mas ficando do seu lado eu vi que você é bom e gentil. Até quando você tenta ser agressivo parece estar nos amando.”
“Acho que isso é um pouco sensível demais pra mim…”
Não gostei disso… Tsc…
“Hahahaha! Eu só te vi sem todo aquele amor ontem. Quando nos mandou nunca mais atender Szeics, só havia fúria no seu olhar. Sua aura estava negra.”
“Fufufu! Aura negra? Isso não é um pouco psicodélico?”
“Pode ser. Mas humanos não mostram aura nenhuma. Vocês usam tudo em seus sentimentos. E, por isso, nós nos tornarmos tão ligados a você é estranho. Sentimentos são mais estritos e limitados em outras raças, tanto disso é uma coisa bem humana. Mas ontem você deixou sair um grande… instinto assassino ou Haki pros orientais. A verdade é que humanos não podem fazer isso nunca.”
“Você quer dizer que eu não sou humano ou que eu sou especial?”
“Não, não acho que você seja especial, você é a pessoa mais humana que já vi. Mas tem muito DNA não humano em você agora, por causa do tratamento. Pode ser isso.”
Eu sou humano, mas tenho partes não humanas? Huuummm… Não quero pensar muito nisso. Mas isso de Haki, depois de ver tantos animes e ler tantos mangás descobrir que ele existe, mas humanos não têm, é engraçado. Tão perto da verdade, mas tão longe.
“Bem, então, o que foi que vocês decidiram fazer?”
“Nós vamos continuar com você até tudo se resolver e depois nós faremos o que for preciso. Por isso viemos comprar roupas daqui, e levamos todas as coisas importantes pra sua casa. E… Aqui, isso vai ficar com você.”
Ele estendeu a mão e me mostrou uma bolinha verde-musgo.
“Isso é um tipo de… celular. Eu criei com a mesma tecnologia que você viu ontem na sala durante a janta. Eu coloquei um pedaço da inteligência artificial da nave aí. Então, poderemos controlar a nave e as ligações que recebemos direto por isso aí. Szeics não vai nos incomodar tão cedo.”
Ooohhhh… Parece bastante complicado…
Eu estendi a mão devolvendo.
“Não. Esse é o seu.”
Meu?!
“Ahn?! Mas por que eu que tô recebendo isso? Não seria melhor se você ficasse com isso?”
“Eu tenho um. E Zea também recebeu um. Nós só os conectamos à nave, de certo modo, eles são independentes, mas são ligados a ela, então… Eu não sei como te explicar isso…”
“Tudo bem, eu acho que entendo. Mas não entendo porque é que vocês estão me dando isso. Por que eu teria um comunicador com a nave?”
“Bem, ontem à noite nós discutimos isso. E, bem, já que nós provavelmente seremos demitidos por sua causa, então, você vai ter que nos suportar. Sua pena vai ser fazer parte desse grupo agora, mesmo que ele provavelmente não vá durar muito.”
Jan sorria bastante, mas ele estava esperando pela minha resposta.
Eu segurei a bolinha verde-musgo com força.
“Meu pai me ensinou a tomar responsabilidade pelo que eu faço. Se essa é minha punição, eu vou aceitar.”
Eu sorri de volta. Aquela era uma sensação diferente. Eu estava feliz. Eles realmente me convidaram pra fazer parte de um grupo de especialistas aliens. Mesmo que eu talvez tivesse acabado com a carreira deles, isso parecia uma honra.
Enquanto eu segurava a bolinha senti uma dor aguda na mão.
“Aaauuut! Esse negócio me picou!”
A bolinha verde picou meu dedão e pulou no meu colo.
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