Capítulo 13
Ninguém foi até o quarto aquela noite. E eu também não consegui dormir.
O que tinha acontecido comigo?
Aquela fúria e jeito de agir, não era eu.
Talvez tudo isso esteja me deixando estressado.
BAM!
A porta abriu com força.
“Levanta, preguiçoso. Hoje temos que fazer compras e ir pra aula a tarde. Levanta! Levanta!”
Zea estava lá, segurando uma colher grande e usando o mesmo vestido branco e as botas estranhas. Droga, essa garota vai acabar com o piso da casa.
“Mas hoje eu não tenho aula de manhã!” Eu resmunguei.
“Por isso mesmo! Temos que fazer compras! Eu não posso usar o mesmo vestido pra sempre!”
“É melhor você levantar, cara. Essa colher dói mais do que parece.” Jan apareceu na porta com o cabelo bagunçado e metade da cara vermelha.
Aaahhhh…. Lá se vai minha manhã linda.
Nós estávamos andando pelo shopping center, Crystal, e eu ainda estava um pouco perdido. Não tinha andado em nenhum shopping desde o dia em que cheguei aqui. Tudo parecia um pouco grande demais. Muitas lojas, várias pessoas, paredes altas, vitrines grandes, manequins, atendentes sorridentes, atendentes com cara de nojo e tudo o mais que se vê em shoppings. Não que eu não os conhecesse, mas aquilo tudo tinha saído da minha rotina.
“Acho que aqui podemos comprar tudo o que vocês precisam.” Eu disse apontando pra uma loja de departamento.
Zea olhou pra mim, pra loja de departamento, e depois pra Jan.
“Não. Nós vamos primeiro ali.”
Ela estava apontando pra uma loja feminina bem grande do outro lado do corredor. Eu nunca tinha visto aquela marca em qualquer lugar, mas eu sou homem afinal, seria normal não conhecer.
Zea segurou minha mão forte e me puxou pra lá.
Quanto mais perto da loja eu chegava mais eu queria correr dali.
Não era sensação de perigo, mas as roupas, sapatos, bolsas, maquiagens e roupas intimas me apavoravam um pouco. Aquilo gritava: MORTE AOS HOMENS!
IIIIIHHHHHH!!!!
“Oooi, geeente! Eu sou Cecília Ventura e vou atender vocês!”
Uma moça baixa de cabelos pretos encaracolados se apresentou segurando as bordas do vestido. Ela parecia uma boneca.
“Por favor, me chamem de Cissa. O que vocês desejam essa manhã?”
“Ela precisa de um guarda-roupa novo.” Respondi sem cerimônia, não era eu quem ia pagar mesmo…
Ela nos mostrou a loja com um sorriso durante todo o tempo. Ilhas de camisas, ilhas de vestidos, roupas íntimas, sapatos, bolsas e etc. Ou seja, nada que eu tivesse capacidade de olhar e entender o que era de verdade. A garota não parecia má e nem falsa, mas tudo nela tinha um ‘Quê’ de travessura e traquinagem.
“Agora os meninos podem ficar aqui enquanto nós garotas vamos fazer um guarda-roupa novo pra ela!”
Ela nos deixou em poltronas rosas e brancas sem dizer mais nada.
Aquilo tudo foi muito rápido e eu nem tive tempo de pensar direito. Mas não era realmente ruim. Eu não queria ficar fazendo compras de qualquer forma.
Jan estava achando tudo aquilo muito divertido.
“Eu achei que vocês estariam pior depois de ontem. Eu mal dormi a noite. Vocês dois estão até mais felizes que o normal…”
“Ontem à noite, realmente, foi alguma coisa…” Jan respondeu sorrindo.
Ele continuou:
“Szeics realmente deve ter ficado muito irritado. Ele odeia humanos por causa de como vocês tratam insetos. Ele é mais próximo de insetos do que de primatas, sabe?”
“Hunnf! Ele mereceu…” só de pensar naquele cara eu já fiquei irritado de novo. “Mas eu não acho que estava sendo eu mesmo ontem.”
Jan sorriu e falou:
“A gente sabe. E sabemos que você estava certo. As coisas podem ficar complicadas a partir de agora, mas decidimos ficar do seu lado.”
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