Acorda, Billy! Capítulo 5

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Capítulo 5


“Então, eu realmente apanhei daquele cara?” Perguntei. Estávamos na sala, em volta da mesa pequena de estilo japonês que eu comprei na praça do lado. Era baixa, mas pelo menos eu economizei em cadeiras, só precisava de almofadas.
“Muito! Você quase morreu, isso é certeza.”
Ela estava usando um vestido branco florido agora. Terminando de preparar o jantar perto da pia. Linda…
“Mas meu rosto parece normal! Tinha certeza de que meu crânio tinha desmontado.”
“É, você tinha ficado mesmo feio. Foi um problema consertar.”
Quem disse isso foi um rapaz de cabelos pretos e olhos azuis. Ele tinha chegado há alguns minutos, sem mais nem menos, carregando alguns sacos de compras.
“E quem é esse?” Perguntei com desgosto.
“Esse é o Jan. Ele me ajudou a te trazer aqui. Nós trabalhamos juntos.”
Ele era alto e com o corpo bem trabalhado, tanto que dava pra perceber através das roupas.
Eu odeio esses caras bonitos! Eles só existem pra destruir o futuro de caras como eu.
“Isso me faz ter mais uma dúvida… O QUÊ VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI?!”
Nenhum dos dois nem mesmo piscou com meu grito.
“Hehe… É que eu não tinha pra onde ir até o Jan chegar.”
Aparentemente ela tinha passado dois ou três dias dormindo no Jardim Botânico durante o dia e andando por supermercados 24hs durante a noite.
“Eu não sabia que o meu dinheiro não ia funcionar aqui, então tive que esperar o Jan, que viria depois, trazer algo pra vivermos.”
“Vocês são estrangeiros? Eu não percebi sotaque nenhum.”
“Algo como isso. Nós só temos facilidade com línguas.”
Foi Jan que respondeu. Ele sorria com seus dentes brilhantes. Que cara nojento.
O jantar estava pronto e eu ainda não tinha entendido nada.
A mesa da minha casa estava totalmente cheia de coisas. Ninguém ia comer aquilo tudo.
Ela tinha feito macarrão com salsichas. Alguns pedaços de carne, frutas cortadas, omelete, guacamole, algumas gosmas que eu não sabia se era de comer ou beber, um arroz que não vende na esquina de casa e sushis.
Realmente não dava pra saber de que país eles eram.
“Então, alguém pode me explicar direito o que tá havendo? Eu não consegui ligar os pontos.”
Eles se olharam com cara de quem já tinha conversado sobre isso.
“Por favor, a verdade.”
Eu não sei porque eu disse isso, mas eles fizeram “aquela cara”.
“Haaaahhhh” Ela suspirou e olhou para baixo.
Jan deu de ombros e disse:
“Não sabíamos se te contaríamos a verdade ou algo que você acreditaria. No fim, decidimos pela segunda opção. Mas se você quer a verdade…”
“Aquele cara que tinha me atacado…”
“O Globert?” eu perguntei, tentando tomar o chá japonês que os tios da praça vivem tomando. Isso é amargo…
“Grort! Ele é um Serial Killer que a instituição pra quem trabalhamos está atrás. Nós viemos aqui atrás dele.”
“Nós já sabíamos que ele estaria aqui, então encontrá-lo aqui não seria surpresa.” Jan completou.
“Mas eu tive azar. Não esperava que ele fosse logo me atacar. Não tive tempo de me preparar.”
Eles ficavam completando as frases um do outro. Me deixa doente.
“Mas graças a você tudo terminou bem.” Jan disse.
A garota fechou a cara e virou o rosto. Haaahh… Ela me odeia mesmo. Eu sempre imaginei que se você salva uma garota ela se apaixona. Mas eu num dou sorte. Se bem que foi ela que me salvou… Na verdade eu nem sei o que aconteceu.
“Ei, então vocês são policiais?” eu perguntei pensando no que eles falaram.
“Ahh, algo como isso. Nós viemos impedir Grort de continuar suas maldades.”
Agora só quem estava respondendo era Jan. Parece que a garota tinha parado de prestar atenção na conversa.
“E vocês conseguiram pará-lo?” Peguei a guacamole e outra gosma beje-amarelada. Como come isso?
“Não, ele fugiu. Mas foi sorte vocês terem saído vivos dessa. Isso é muito bom, mas nós acabamos perdendo nosso elemento surpresa. Ele agora sabe que estamos aqui e atrás dele.”
“Oooh! Então ele pode fugir!” Eu me exalto. Os dois parecem bem tranquilos.
“Não. Não acho que ele vá. Você desafiou ele, e ele prometeu te matar. Ele não vai fugir enquanto não fizer isso.”
Um calafrio passou pelo meu corpo. Aquele cara me assusta só de pensar.
“Ele vai deixar de fugir só por minha causa?! Ele é idiota?”
“Hahaha!” Jan ria com prazer “Tem razão, ele é meio idiota. Mas a verdade é que, na cultura dele, ele só vai deixar esse lugar depois de te matar. Você o desafiou. Ele não vai voltar atrás.”
“M-mas… Que cultura?”
“A verdade é que Grort não é desse planeta. Ele tem pulado de planeta em planeta fazendo um massacre na população masculina.”
“N-não é desse planeta…”
É, eles com certeza são dois salafrários. Talvez eles só queiram um lugar pra ficar. Minha irmã já namorou um cara que mentiu sobre todas as áreas da vida dele. Ele falava quatro línguas fluentemente. Se eu fosse tão inteligente, eu com certeza ficaria rico ao inves de mentir.
Mas esses dois só devem ser doidos…
“Por favor, saiam da minha casa. Eu realmente só quis te ajudar quando eu fui espancado por aquele cara. Não precisa tirar sarro de mim também.”
“Haaahahahah! Calma, calma! Foi você quem pediu pela verdade! Não nos culpe por isso.” Jan parecia estar se divertindo mais do que estava preocupado. Isso estava realmente me irritando.
Por que essas coisas tem que acontecer comigo? Eu só queria paz e tranquilidade na vida…

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