Acorda, Billy! Capítulo 2

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Capítulo 2



A aula já está na metade e eu ainda nem tenho certeza do nome da matéria. Estou sentado num anfiteatro numa carteira mais antiga. A UFPR é grande, mas eu estava gostando do lugar. Paredes velhas, salas velhas e cadeiras velhas, misturadas com paredes novas, salas novas e cadeiras novas. É diferente do estilo modernista em tudo na UnB, outra universidade cheia de velhos e novos que eu costumava estudar.
No ínicio desse semestre eu estava decidido a dar o meu melhor, mas o tédio já tinha me dominado de novo. Na verdade, essa foi a desculpa que eu me dei pra mudar pra cá. Que eu precisava mudar de ambiente pra ser um aluno melhor. Mas acho que a verdade é só que eu não sou um bom aluno. Eu havia passado no vestibular com facilidade e me transferido pra cá porque eu já tinha decidido que era o certo.
Eu não sou um calouro pra dizer a verdade. Já havia feito alguns semestres na outra universidade onde eu estava. Mas sempre me enrolava e acabava não terminando. No fim, tenho pouquíssimas matérias concluídas. Nesse meio tempo, eu passei pelo exército. Fui tão bom lá quanto eu era como universitário. Mas consegui terminar o curso lá de algum jeito, e acabei ficando bem treinado. Mas nem isso não melhorou meu desempenho na faculdade.
De qualquer forma, nem olhei pra cara do professor desde que cheguei. Fiquei procurando formas de melhorar meu direto de direita pelo pequeno computador portátil rosa que eu carregava. Um presente da minha irmã. Um bem infeliz.
Eu ainda não tinha conseguido voltar a treinar desde que me mudei, então decidi treinar por mim mesmo até achar um ginásio ou academia. Eu treinava boxe e muay thai. Não que eu fosse bom nisso também.
Hoje, eu não estava conseguindo me concentrar nem mesmo nos jabs e diretos. Aquela garota ficava voltando na minha cabeça.
Merda! Como eu pude ser tão burro?!
Já que não conseguia me concentrar, decidi ir ao Jardim Botânico que ficava a alguns minutos de caminhada. O lugar era muito bonito e cheio de verde. Se você pensar bem, é o lugar perfeito pra relaxar e cochilar. E isso era exatamente o que eu estava precisando, já que minha noite tinha sido levada porque eu fiquei lendo mangás.
[Haaahhhhh] Como é bom!!!
Adoro a paz daqui. Deitar embaixo de uma cerejeira e dormir é o melhor! A essa hora do dia isso aqui ainda está vazio.
“Pra trás! Criatura vil e perversa!”
Alguém gritou de algum lugar atrás de mim. Será que tem alguém ensaiando alguma peça?
“Hahahah! Vamos brincar, garotinha! Esse seu corpinho precisa de um trato! Da mão de um homem de verdade!”
Era a voz de um homem. Mesmo sendo uma peça, eles deveriam falar mais baixo, aquilo me assustou e eu só estava ouvindo…
“Ahhhhhhhhhh! Me solta! Me larga agora! Socorro!”
O grito de uma mulher.
Isso não é uma peça!
Levantei e corri em direção ao grito.
Um homem do tamanho de uma porta e grosso como um tronco estava segurando o braço de uma garota. A mão era tão grande que quase cobria todo o antebraço da garota. Ele tinha uma expressão lasciva no rosto e estava quase babando. O rosto era tão duro que era quase possível imaginar que não era humano.
A garota se rebatia tentando fazer o homem soltar. Ela tinha uma expressão de dor e fúria nos olhos cinzentos e um lindo cabelo prateado.
Cabelo prateado?! Isso não se vê todo dia…
No meio da camisa branca que ela estava usando, uma mancha marrom enorme cobria o peito.
É aquela garota! Que linda…
O homem abre bem os olhos em prazer e arranca a blusa da garota pelo lugar onde a mancha estava.
[Aaaahhhhh!] Ela grita enquanto tenta cobrir o corpo.
Ela é tão linda!
Mas que merda! Esse cara! Tirando a blusa dela logo por ali me fez sentir totalmente responsável. Não vou perdoá-lo!
Eu sou muito idiota.
Meu corpo se mexeu quase sozinho. Corri em direção dos dois e saltei. O cara era alto demais, que monstro! Mas ainda assim eu podia alcançá-lo. Juntei toda a minha força e dei a melhor direita que eu poderia ter dado.
[Desgraçado!]
Mesmo que eu seja bem treinado e o soco tenha encaixado perfeitamente, me fez achar que eu tivesse socado errado. O rosto era duro demais, e ele mal mexeu com aquilo. Desgraçado! Eu estava usando todo o meu peso também.
Meu pulso doeu, mas, pelo menos, serviu pra ele soltar a garota.
“Você tá bem?” Eu pergunto pra ela.
“Não olha pra cá! Continua olhando pra frente!” É só o que ela me responde.
Nem um obrigado? Essa garota também é bem mal educada!
Hahahaha! Eu queria muito olhar pra trás também, mas minha raiva e o olhar daquele cara me fizeram continuar encarando-o.
“Hey! Maldito! O que você tá pensando, garoto? Você quer morrer? Arrr! Eu vou te matar com certeza!”
Isso de me matar não parece brincadeira. Esse cara tem uma expressão insana no rosto. Eu podia sentir meu pelos do corpo se arrepiarem. Isso é o killing intent que eu sempre leio nos mangás? Não, isso não existe, é só o olhar desse cara que é mesmo assustador.
“E-eu…” [não consigo falar! Droga!]
“Hahaha! É por isso que eu odeio terráqueos, vocês sempre se metem demais! Hahaha! Não, eu odeio homens! Eu vou matar todos os machos do universo!! Hahahaaa!”
Terráqueos?!
Mas esse cara é mais pervertido que eu. Na verdade eu me sinto bem normal olhando pra ele.
Ele se lançou até mim.
Rápido! Esse cara não parece ter o tamanho que tem.
Eu desviei meu corpo do primeiro soco.
VUUUUSSH!
O lugar onde o soco dele acertou no ar fez um som quase explosivo. Ele não pretendia me atravessar com o soco, aquilo era o chicote! Se aquilo tocasse meu corpo com certeza quebraria alguns ossos.
Esse cara era um monstro.

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