Capítulo 11
“O que você quer dizer?”
“Nada. Só acho que cada um demonstra seus sentimentos de um jeito. Principalmente a Zea, que nunca teve esse sentimento.”
“Nunca teve sentimentos?!”
“Ela já teve sentimentos, só não esse. Sabe, essa Zea que você conhece é bem diferente da que todos conhecem. Ela é bem séria e nunca discute. Ela é conhecida como ‘Prodígio Destruição’ em seu planeta. O que não é pouco já que o planeta onde ela nasceu é completamente militar.”
Oohh. Assustador. Essa garota é isso tudo? Realmente não parece…
“E como foi que ela ficou assim? Ela bateu a cabeça forte quando chegou na Terra?”
“Hahaha! Não, mas acho que algo pior aconteceu. Ela ainda deve estar em choque. Hahaha! Você é muito engraçado, Willy.”
Ggrrr… Esse cara não diz nada direito e fica rindo de mim. Isso é ridículo!
Me levantei e fui pro banho. Precisava me lavar antes de comer, e esse era um único lugar que podia ficar sozinho também.
A água caindo nas minhas costas sempre me relaxa. Uuuuufff! Eu realmente odeio me sentir burro. Com o teste hoje e ficar perto desses dois me fazia ficar mal… Que dia horrível.
Uma rachadura na parede do banheiro começou a chamar minha atenção. Eu não devia ser capaz de vê-la, na verdade, ela é bem pequena. Que estranho. E o jeito que a água bate na minha pele agora parece errado. Ficou pior desde que eu me levantei ontem. A água me dá a certeza que meus dedos estão estranhos, e o toque parece diferente. Mais tarde, quando eu perguntei a Jan, ele respondeu:
“Vai melhorar daqui a alguns dias, ou meses. O tratamento não foi feito pra humanos, então, tem alguns elementos diferentes na composição de DNA. Eu tentei deixar o mais próximo possível, mas, no seu estado, você poderia morrer. Fiz o melhor que pude, provavelmente, não vai ter nenhum efeito colateral.”
“Provavelmente?! Isso não me conforta muito!”
“Não se preocupe! Vai melhorar. Se não voltar ao normal completamente, o seu corpo vai se adaptar ao novo DNA. Mas nada sério pode acontecer.”
Se adaptar?! Significa que meu corpo vai mudar? DNA não faz isso?! Meus filhos vão ficar deformados?! Como se eu tivesse passado pelo desastre nuclear em Chernobyl?! Heeeei!
“Ei! Espera aí!”
“Cala a boca, Will. Vem jantar! Tá pronto.” Zea diz isso pinçando minha bochecha e me levando pra sala.
“Ai! Aiaiai!” Eu estava massageando a bochecha “Ei! Por que nenhum de vocês me chama de Billy?” Já estávamos em volta da mesa agora.
“Não vai pegar. Isso é nome de criança e foi você que decidiu ser chamado assim, né? Não vai pegar!” Zea respondeu olhando pro prato na frente dela.
“Não vai pegar, Willy. A Zea é quem vai decidir as coisas por você agora.”
“Meus pais me chamam assim, ok? E que história é essa de ela decide as coisas por mim?!”
“Cale a boca, Jan.” Zea retruca meio vermelha.
“Fufufu. Ok, me desculpe.”
Esse dois estão sempre conversando sem que eu entenda.
Eu pego um pouco do que está na minha frente. É uma sopa missô, arroz brasileiro, frango em cubos pequenos dentro de um molho e batatas assadas.
“Ooohhh! Isso tá muuuuito bom! Que delícia!” Eu grito. Onde essa alienígena aprendeu a cozinhar tão bem?
“Humm! Isso tá mesmo fantástico. Você se esforçou muito hoje, não, Zea?”
“Já mandei você calar a boca, Jan!” Zea se levanta e tenta socar Jan. Ele desvia e se levanta muito rápido.
“Ei! Ei! Fiquem calmos! A comida tá boa. Vocês vão deixar esfriar.” Eu repreendo os dois. Zea olha pra mim com raiva e na mesma hora um pequeno raio estala na minha testa.
PAAHH!
“Ai ai! Por que você fez isso?!”
“E-eu… Não fui eu.”
“É ele. Foi mais cedo do que eu pensei.” Jan ficou com uma expressão bem séria. Ele se levantou e foi pro quarto. Enquanto isso, vários pequenos raios começaram a estalar perto da mesa.
O rosto de Zea parecia bem abatido agora.
“Bem, agora vamos ver o que vai dar…” Jan estava trazendo a geladeirinha na mão.
“O que é isso. Você estava mexendo nisso mais cedo, né?”
“Isso é um aparelho que libera moléculas que não existem na Terra e reorganiza-as pra criar um modelo de comunicação. Ela vai reagir com esse campo elétrico que está se criando em cima da sua mesa. Ele está fazendo uma ligação.”
Eu devia parar de perguntar coisas que eu não vou entender…
Então, é mágica até que eu possa entender como funciona.
Ele coloca a geladeirinha no meio da mesa, onde os raios estão se concentrando, e aperta um botão do lado da maquininha.
A máquina treme um pouco e faz um som de spray. Em volta dela, o ar fica mais escuro e esverdeado como gás. Os raios aumentam em tamanho e em quantidade. Isso tá começando a dar medo. O gás se espalha pelo ambiente, na verdade, ele começa a girar num pequeno tornado.
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