Capítulo 10
Jan estava do meu lado tomando notas.
Estávamos em uma sala que deveria caber umas 40 pessoas, cheia de outras pessoas com cara de estudiosas ou entediadas. O pior é que a maioria dos entediados passa na prova quando ela vem. Eu nem mesmo reconheço esse professor.
Já tem semanas que eu nem abro o caderno. Mas não posso continuar perdendo pra esse alien metido a besta.
Abri o caderno e comecei a anotar frases aleatoriamente. Eu sou melhor ouvindo o professor, mas se eu não começar a tentar, eu vou apagar até as vozes em volta de mim.
“Então, como estava combinado, a partir de agora vocês vão fazer um teste, ok?”
Era a voz do professor.
AAAHHHHNNN?!
Ah, não! Eu não lembro de nada… O que é que eu vou fazer?
Huuuuuufffff…
O teste estava na minha frente há 5 minutos e eu ainda não tinha escrito nada além do meu nome.
Jan escrevia lentamente com um sorriso satisfeito no rosto. Ele deve estar se decidindo como vai fazer cada questão. Droga! O cara do meu lado é um maldito gênio. Será que ele não me ajudaria? Hehehe. Mas o professor fica passando do meu lado o tempo todo. GGGAAAAHHH!
Reli o teste. Era de Álgebra Linear, e a única palavra que eu reconheci foi ‘volume’. Isso é ensino médio, né?
Ah! Já sei! A verdade é que essas fórmulas complicadas podem ser simplificadas!
Se eu pegar isso e mudar aquilo eu posso responder isso, isso e isso!
Certo! Eu vou fazer isso!
“Então, tudo o que é complicado nas matérias exatas pode ser simplificado se você conseguir transformar as equações em algo visualizável!” Eu estava explicando minha nova teoria pros outros dois no caminho pra casa.
Jan olhou pra mim e depois pra Zea.
“O que você acha?”
“Acho que ele só é preguiçoso demais pra estudar e fica se iludindo com teorias idiotas…” Zea respondeu com desgosto.
Hunff… Eu tava tão animado.
“Humm… Na verdade, nenhuma das suas respostas da prova estavam certas.” Jan comentou.
“Como você sabe?! Você não viu minha prova!”
“Vi sim. Eu podia ver todas as provas daquela sala. Eu posso ter os olhos que eu quiser.”
“Ah! É por isso que você estava escrevendo tão devagar! Você tava colando!”
“Não, na verdade eu só tava decidindo que fórmulas usar…”
Maldito, metido! Odeio esse cara!
“Mas é curioso, essa sua ideia está correta. Você pode simplificar teorias complexas com visualização. Só que a Terra ainda não tem muitas teorias complexas o suficiente pra entender isso.”
Ele diminuiu a Terra de novo… Mas uma ideia estava se formando na minha cabeça.
“Então, você sabe fórmulas simples de tudo o que eu tô aprendendo na faculdade?”
Hehehe! Eu tô vendo! O grito das multidões! [Gênio! Uhuuuuuul! Lindo!]
“Sim, mas essa matéria é simples demais pra ser simplificada, e, com seu nível de conhecimento, só iria ficar pior. Esse é o mais simples que pode ser pra você.”
CRASH!
Som do meu sonho se quebrando. Ahhhh! Eu já tava tão animado…
Hunff! Pelo menos agora eu tenho com quem tirar dúvidas. Então, eu só preciso estudar, pra daí ter dúvidas. Agora, eu mesmo não tenho nenhuma.
“O que vamos jantar hoje?” Perguntei tirando os sapatos na porta de casa. Ela parecia mais limpa, iluminada e arejada do que eu me lembro.
“Janta? Você acha que eu sou o quê?! Sua empregada?”
Por que será que a Zea fica tão irritada com tudo o que eu falo? Acho que eu devia ficar mais tempo calado.
“Eu só perguntei o que vamos jantar. Não disse nada sobre você fazer alguma coisa!”
“É?! Mas você sabe cozinhar? A sua geladeira era cheia de comida congelada!
Quer dizer que eu vou ter que cozinhar!”
“A gente pode comer lasanha congelada!”
“Argh! Terráqueo nojento!”
“Ou comer fora!”
“Quem vai pagar, você?! Seu dinheiro é contado! Nós já calculamos!”
“Oi! Oi! Eu posso cozinhar hoje!” Jan disse tentando apaziguar.
““Cala a boca!”” Zea e eu gritamos juntos.
“Por que essa mulher me odeia tanto?!” Eu resmuguei sentado no meu colchão.
“Eu acho que não é ódio, Willy.” Jan me responde enquanto mexe numa máquina que parece uma geladeira minúscula.
Zea acabou indo pra cozinha nos chamando de incompetentes.
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