Rokka: Volume 01, Capítulo 04

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Capitulo 4 - O Contra-Ataque


Para o sétimo, matar Adlet com as próprias mãos não seria uma das melhores escolhas. Na verdade, o melhor plano seria deixar os Heróis das Seis Flores matarem uns aos outros.
Se tudo ocorresse como planejado, então, o sétimo poderia colocar toda a culpa e acusar aquele que mataria Adlet. E mesmo se ele não conseguisse fazer isso, ainda assim, iria ser criada uma grande fissura na relação de confiança entre os heróis. Com isso feito, seria mais fácil causar discórdia e desconfiança entre as Seis Flores.
O sétimo não sabia o que iria acontecer no futuro. Mas entendia que deveria ser extremamente cauteloso. Seria necessário avaliar muito bem as situações e oportunidades que aparecessem e estar pronto para improvisar se necessário. E, mais importante do que qualquer outra coisa, não poderia deixar os outros terem suspeitas de sua verdadeira identidade.
Se conseguisse fazer isso, então, a vitória já era certa.
Então, quem será que vai matar Adlet para mim?


                                                               #


No momento que Fremy retornou ao templo, Chamo, Nashetania e Hans, já estavam dormindo. Mora e Goldof, porém, estavam acordados fazendo vigia.


“Você sobreviveu afinal de contas? O que houve com Adlet?” Mora perguntou.


“Ele fugiu. Ele estava ferido, e eu teria capturado ele se possível, mas eu não tinha meu rifle comigo. ”


“Entendo. Se você quiser descansar também tudo bem. Amanhã de manhã você nos contará o que aconteceu. ”


Quando Fremy entrou no templo, Goldof a chamou e disse, “Desculpe, por ter suspeitado de você.”


“Não importa. Qualquer outra pessoa teria feito o mesmo.”


Ao amanhecer, Fremy contou aos outros cinco o que havia acontecido após Adlet sequestrá-la. Em seguida, contou sua própria história, principalmente, o porque ela de ela querer lutar contra o Majin.


“ESSES Kyomas... são... são monstros sem coração.” Mora dizia com uma expressão de raiva.


“Esta é uma história horrível, se for verdade, é claro.” Chamo disse.


“Chamo! Você ainda suspeita de Fremy? Está claro que ela é um dos nossos aliados.” Mora repreendeu Chamo, fazendo-a dar uma risadinha sem jeito.


“Meohehe, eu me sinto estranho. Tudo bem em pensar nela como nossa aliada?”


“Hans, o que você quer dizer com isso?” Mora perguntou.


“Você realmente lutou contra Adlet?” Hans questionou Fremy. “A espada que eu joguei, ficou cravada profundamente nas costas dele, certo?”


“A lâmina não acertou em nenhum ponto vital. Mesmo você não é tão forte quanto diz ser.”


“Adlet demonstrou uma grande afeição por você. Quando suspeitaram de você, ele te defendeu. Quando Chamo disse que ia lhe torturar, ele ficou bravo e a impediu. Até mesmo a ideia de que você possa estar interessada nele, não é impossível.”


“Você é incrivelmente irritante.”


“Meowy, o coração de uma mulher é um eterno mistério. Suas palavras e seus sentimentos interiores muitas vezes não são os mesmos.”


“Hans, cale a boca por um segundo.” Mora disse, e Hans ficou quieto, uma expressão de surpresa se desenhava em seu rosto.


“Eu também tenho algumas perguntas. Fremy, o que você pensa sobre Adlet? O que você sentiu quando descobriu que ele era o sétimo?”


“Bom, eu pensei que era verdade no final das contas.”


“No final das contas?”


“Ele havia tentado se aproximar de mim, fingindo preocupação e tentando ganhar minha confiança. Mas agora eu entendo o porquê.”


“Meowy, você é uma mulher má. E Adlet, um rapaz que se esforçou atoa.”


Fremy encarava Hans com raiva.


“Mais importante, como nós vamos capturar Adlet?” Goldof perguntou e Hans caminhava até o canto do templo.


Ele olhou para a caixa de ferro no canto e disse, “A maioria das armas dele estão aqui. Sem elas, ele é incapaz de lutar. Eu acho que, se esperarmos aqui, ele vai voltar para as pegar, meow.”


“Ela não é limitado a apenas elas. Ele ainda possui algumas armas escondidas com ele.” Fremy falou.


“Não o suficiente para lutar contra todos nós.”


“Enquanto, de fato, isso é verdade, eu não diria que ele está completamente incapaz.” Goldof disse. “Seria melhor nós começarmos a procurá-lo logo. E como nosso tempo é limitado, o melhor plano, seria nos dividirmos para o caçar.”


“Goldof está certo,.” Mora disse. “Vamos nos dividir em grupos de dois. Primeiramente, Fremy e eu vamos procurar por Adlet.”


Fremy concordou com a cabeça.


“Princesa, você se juntará com Goldof. Tenha certeza de não pegar leve com ele. Goldof, estou confiando a guarda da princesa para você.”


Goldof acenou em positivo com a cabeça, e Nashetania olhou para ele com uma expressão desapontada.


“Chamo e Hans vão continuar aqui para confrontar Adlet. Fiquem espertos e estejam prontos para o combate a qualquer momento.”


“Meow? Minha motivação é cortada pela metade se não estou com uma garota bonita. Posso trocar com Goldof?”


Todos ignoraram o comentário de Hans.


“Muito bem, vamos, não temos tempo a perder!” Falou Mora veemente.


“Mas.. mas...” Chamo falou chateada. “Chamo odeia ficar esperando.”


“Entendo. Então, Fremy permanece aqui e Chamo vem comigo.”


“Chamo também não quer ficar andando à toa. Chamo vai brincar um pouco enquanto a barreira não é desativada.”


“... Você quer que eu brigue com você Chamo?” Parecia que uma veia iria saltar do nada na testa de Mora.


Hans riu. “Tudo bem. Eu serei o suficiente para alguém como Adlet.”


“...Você de certa forma é alguém que podemos contar. Muito bem, cuidado para não se perder por aí, Chamo. E não se afaste muito do templo.”


Nashetania e Goldof seguiram para o oeste. Mas quando Mora e Fremy estavam prontas para saírem na direção contraria, Hans chamou Fremy.


“Hey, Fremy. ”


“O quê?”


“Você será realmente capaz de lutar contra os Kyomas?”


“Como assim?”


“De frente com usa querida e importante mãe, ela diz algo como, ‘Perdoe-me, por favor, eu me arrependi por tudo o que eu fiz com você, vamos viver juntas novamente, eu... eu te amo minha filha’. Você seria capaz de matá-la?”


“Eu seria capaz, pois eu saberia que ela estava mentindo. ”


“Você está errada.” Hans comentou e Fremy olhou para com o mais puro ódio que ela sentia. “Eu sou um assassino. Já recebi muitos pedidos. Maridos traídos por suas esposas. Crianças abandonadas pelos pais. Estas pessoas vêm até mim e me contratam para matar seus objetos de raiva. Mas veja, nenhuma vez eu me dei bem nesse tipo de trabalho. Bom, pelo menos metade das vezes que o trabalho tinha esse tipo de história por trás as pessoas pediam para cancelar o assassinato na última hora, meow.”


“.... Qual o seu ponto?”


“...Bom, eu acho que não importa.”


“Vamos, Fremy!” Mora disse e as duas deram as costas para Hans, e adentraram a floresta.


                                                                                        #


Após deixar o templo, e caminhando por algum tempo, Nashetania parou inesperadamente. Então, virou para trás, olhando se não tinha ninguém por perto.


“Qual o problema?” Goldof, que estava seguindo ela, estava perplexo pela atitude dela.


“Goldof, esta pergunta pode parecer estranha, mas você confia em mim?” Nashetania olhou diretamente nos olhos de Goldof.


“É claro. Em quem mais eu iria confiar além da princesa. ”


Aquela resposta apenas fez a expressão de Nashetania ficar sombria. “Você não entendeu o que eu quis dizer. O que eu quero saber é se você vai concordar comigo sem dizer uma única palavra.”


“Princesa, no que você está pensando?”


Nashetania continuou a olhar nos olhos de Goldof e disse, “Adlet-san não é o sétimo. Daqui para frente eu vou agir de maneira que possa provar este fato.”


“Princesa!” Goldof gritou.


“Vou deixar passar dessa vez.” Ela disse, referindo-se ao grito dele. “Agora, concorde comigo sem dizer mais nada. Eu sei que Adlet-san caiu em uma armadilha e está esperando a minha ajuda!”


“Eu não posso concordar com isso. Mesmo se for uma ordem sua, eu não posso fazer o que você está pedindo.”


“Olha, eu não estou dizendo isso sem nenhum fundamento.” Nashetania disse, firme no que acreditava. “Tem alguém que estou desconfiada. Eu não tenho provas e eu posso estar apenas enganada. Mas talvez existem provas que nos levarão à verdade.”


“Quem você suspeita?”


Em um sussurro, Nashetania disse, “Hans-san.”


                                                                                    #


Enquanto isso, Adlet estava em movimento, correndo silenciosamente por cima dos galhos das árvores, assim, não deixaria nenhuma pegada. Ocasionalmente, ele parava, confirmando que não tinha ninguém próximo a ele, e então continuava.


Ele ia em direção ao templo, esperando achar provas do oitavo, então, as suspeitas sobre ele iriam desaparecer instantaneamente. Era uma escolha muito mais efetiva do que correr desesperadamente pela floresta procurando cegamente pelo oitavo.


Ele se perguntava, como os seis estavam se movimentando enquanto ele pulava de galho em galho. Talvez os Seis estejam procurando por mim em grupos de dois ou três. Esta seria uma escolha racional se eles estiverem sendo cautelosos a respeito de ataques surpresas.


Se eles estivessem em grupos de dois, seria algo extremamente ruim. Qualquer pessoa poderia estar com o sétimo, e após ele matar um dos heróis, ele culparia Adlet. Provavelmente, esse era o plano do Sétimo.


Eu tenho que me apressar, antes que as coisas apenas piorem.


Ele se perguntava se daria para investigar o templo. No mínimo, teria duas pessoas protegendo o templo. Mas se fosse Nashetania ou Fremy, então, ele poderia usá-las. Com a cooperação de uma das duas, ele poderia pedir para elas deixarem o templo para ele.


Era um péssimo plano, mas como ele estava sem praticamente nenhuma opção, ele teria que tomar atitudes mais arriscadas.


“... Muito bem, que seja.”


Ao chegar no templo, sem ter encontrado nenhum de seus perseguidores pelo caminho, ele pensava. Parece que a dama da sorte está do meu lado. Então, subindo outra árvore, ele tirou seu telescópio e procurou pela área. Não havia ninguém ao redor do templo. Talvez eles estejam me esperando em uma armadilha dentro do templo. Adlet pensou enquanto se dirigia para a parte de trás do templo e se aproximava cautelosamente. Ele, então, pulou para o telhado. Em seguida, colocou seu ouvido no teto de pedra e tentava escutar algum barulho lá dentro. Mas nenhum som era ouvido. Talvez não tinha ninguém lá dentro, ou quem sabe era tudo uma armadilha para me atrair? Se era uma armadilha, foi um dos heróis que havia feito, ou o sétimo? Inesperadamente, seu corpo sentiu uma intenção assassina, e se movimentou por puro reflexo.


“Memeow!”


Quando Adlet rolou para o lado esquivando do ataque, uma espada se cravou no telhado no mesmo segundo. Seu oponente se aproximou por trás sem fazer um barulho sequer.


“Hey, Eu pensei que você viria, Adlet.”


“Então é você, Hans.”


Ele havia esquecido que ele era um assassino. Ataques surpresas e armadilhas eram suas especialidades. Ele provavelmente antecipou a chegada de Adlet e se escondeu na floresta.


Hans tirou a espada do telhado. Então, segurando uma espada em cada mão, ele as movimentava e girava usando apenas os pulsos. Apesar de parecer que ele estava apenas brincando, ele estava definitivamente em guarda. Era uma estranha postura.


“Inicialmente, eu pensei que suas habilidades covardes eram suas únicas armas. Mas você é mais capaz do que eu esperava.”


Hans parecia surpreso que seu ataque silencioso havia sido esquivado.


“Então nos encontramos, huh. Isto é um problema. Parece que não temos escolha a não ser um matar ao outro.” Adlet sacou sua espada e avançou em direção a Hans. Mas era uma finta. Como não havia maneira de negociar, ele não pensava em mais nada, a não ser uma maneira de escapar.


“É melhor que você me ataque para valer, se não, isso acabará rapidamente.” Sorrindo de orelha a orelha, Hans girava suas espadas como se ele não conseguisse conter sua excitação para lutar.


“Venha. Vamos ver se suas habilidades fracas conseguem ao menos te proteger de minha própria habilidade.”


“Mehi, mehi, umeomeomeomeow!” Fazendo um estranho grito de guerra, Hans saltou para cima de Adlet.


Como eu havia planejado. O plano de Adlet, era bloquear o primeiro ataque e, em seguida, tacar uma bomba de fumaça no rosto de Hans.


Mas logo antes de cortar Adlet, Hans usou ambas as mãos e pés para parar o ataque. E, aproveitando da confusão momentânea de Adlet, ele deu um chute giratório na mão de Adlet, fazendo a bomba de fumaça sair voando para longe.


“Meow, o mesmo movimento não vai funcionar de novo comigo.”


Utilizando o momentum do chute giratório, Hans atacou Adlet com as espadas, Adlet saltou de cima do telhado, escapando das lâminas por pouco. Em seguida, Hans contorceu seu corpo e saltou no ar atrás do outro.


Os dois desceram do telhado do templo, e quando Adlet aterrissou no chão, ele olhou para cima, vendo Hans ainda no ar, pensou que aquele seria o melhor momento para fugir, Adlet começou a correr, porém, Hans, quando caiu no chão alguns segundos depois, aterrissou com as mãos antes dos pés, então, com apenas a força de seus braços, impulsionou-se em direção a Adlet.


Atravessando pelo ar numa velocidade descomunal com as espadas em direção a Adlet. Foi necessária toda a força do rapaz para bloquear o ataque com a sua espada. Colocando todo o peso no ataque, o golpe quebrava a guarda de Adlet. Novamente, Hans aterrissava em suas mãos e começava a correr de quatro em direção Adlet, como se fosse um animal, mais especificamente, um gato. Fazendo um rolamento para frente e se levantando velozmente, pronto para cortar a cabeça de Adlet fora.
“Guah.”


Apesar de Hans não ser muito alto, nem muito musculoso, seus ataques eram terrivelmente fortes. Só de defendê-los, os ombros de Adlet gritavam de dor.


E a sequência de ataques velozes de Hans continuava. E como se a gravidade não existisse, Hans saltava com os braços, parava em uma mão e continuava a girar, demonstrando uma velocidade descomunal, assim como uma habilidade estranha, porém, extremamente perigosa e eficaz.


Esses são movimentos de um humano? Ataques viam em sua direção de ângulos inesperados. E, mesmo assim, o outro parecia apenas estar brincando, nem um único ataque era desperdiçado. Hans parecia um gato brincando e batendo numa bola de lã, e Adlet era essa bola de lã.


Adlet disparou dardos venenosos, escondidos em suas mangas, e também tentou acertar Hans com o prego escondido em sua bota, mas nenhum ataque parecia acertá-lo. A agilidade descomunal do outro esquivava de tudo. As armas secretas de Adlet eram usadas quando o inimigo não esperava por elas. Mas, naquele momento, era ele que estava vivendo o inesperado.


“Umeow!”


Um dos chutes que Adlet havia dado em desespero, acertou o estômago de Hans, fazendo-o soltar suas espadas. Aproveitando o momento Adlet, usou outra bomba de fumaça.


“Umeomeow!”


Hans pegou as espadas com seus pés, então, com a força de ambos os seus braços, ele contorceu seu corpo na forma de um parafuso e se lançou em direção a Adlet. Como era um ataque com as pernas, Adlet foi capaz de parar o golpe com sua espada, mas, naquele instante, Hans segurou nas pernas de Adlet, e o puxou em direção ao chão.


“Merda...” Adlet falou ao cair com o rosto no chão. Mas ele não tinha tempo de gritar. Instantaneamente, Hans estava em cima dele com a espada pressionada em sua garganta.


Tinha sido magnifico para dizer a verdade, uma rápida conclusão. Adlet havia sido completamente derrotado. Embasbacado, Adlet encarava a lâmina pressionada contra seu pescoço.


As espadas de Hans preveniam completamente Adlet de se movimentar. Se ele fizesse o mínimo dos movimentos, seu pescoço seria cortado.


“Meow. É uma pena Adlet.” Hans disse com um sorriso. “Não foi um plano ruim. Eu não teria pensado em algo do tipo, em ser um Herói das Seis Flores falso. E, se eu não estivesse aqui, você teria sido capaz de enganar os outros.”


“Hans, eu...”


“Não é um impostor... é isso que você pretendia falar meow? Isso não vai funcionar.” Hans tinha um grande sorriso.


“Eu fiquei chocado quando você fez Fremy de refém. Você é mais rápido com suas pernas do Que eu pensava. ”


Então, levar Fremy de refém havia piorado a situação a final de contas. Apesar de se arrepender, Adlet não tinha tempo de pedir desculpas para as coisas que já haviam acontecido. Agora, ele tinha que achar um jeito de sair de sua atual situação.


“Então, vamos logo, fale. Quem está te dando ordens? Qual a razão de você trair a humanidade e se aliar ao Majin? Se você falar a verdade, eu te darei uma morte rápida.”


“... Não posso responder isso, porque não sou o impostor. ”


“Não se segure. Eu, meow, entendo. Você não tem nenhuma história triste que justifique suas ações? Você precisa de remédios para sua mãe doente? Sua linda namorada foi sequestrada?”


“Eu não tenho família, muito menos uma namorada. Eu já falei várias vezes e torno a repetir, eu não sou o impostor.”


“... Meow, então ninguém vai se sentir triste com a sua morte.”


No momento que espada de Hans tirou sangue do pescoço de Adlet, Adlet se moveu. Ele ainda não havia utilizado todas as suas armas secretas. Havia um fio solitário na manga de Adlet, o qual ele apertou e puxou. E, no instante seguinte, um bolso em sua roupa rompeu e um violento som se fez junto com uma fumaça amarela por toda a área.

“Gumeow!” Hans gritava enquanto cobria seus olhos. O que havia se rompido não era apenas uma bomba de fumaça, era uma bomba de gás lacrimogênio que parava ambos, humanos e Kyomas.


“Merda. Eu não acredito que você me fez usar isso seu idiota. Isso dói para caralho!”


O impacto havia sido muito pior para Adlet que havia recebido a explosão à queima roupa. De qualquer forma, Adlet foi capaz de escapar de Hans. Ele deu as costas para Hans e tentou correr. Mas com os olhos doendo, ele não conseguia correr em linha reta, e batia violentamente em um dos pilares de sal.


“Meomeomeow! Que criatura teimosa você é!”


“Eu serei teimoso até eu conseguir fugir.”


Enquanto ambos esfregavam os olhos, Hans e Adlet continuaram a lutar. A arma que Adlet havia usado só podia ser utilizada uma vez e, agora, ele só tinha mais algumas poucas armas secretas.


Adlet acreditava que ele não podia vencer Hans. No mínimo, ele não teria conseguido fugir dele se não tivesse usado a bomba de gás lacrimogêneo.


E mesmo não tendo quase nenhum campo de visão, os ataques de Hans estavam mais ferozes do que nunca. Dos pés à cabeça, Hans atacava Adlet de todas as direções, circulando-o, como se estivesse dançando.


“...Talento.” Adlet sussurrou.


Não tinha erro, Hans era um prodígio. No mundo inteiro, um em cada 100.000, ou um em cada 1.000.000, ou talvez apenas ele, possuía o tipo de habilidade que estava demonstrando. Sem ela, Hans não seria capaz de usar as técnicas de espada que ele utilizava.


Adlet era diferente. Ele era uma pessoa comum. Uma pessoa completamente comum.


Mas Adlet se perguntava, quem havia decidido que uma pessoa comum, não poderia se tornar o mais forte do mundo.


“Você não pode fugir, meow!”


Enquanto saltava no ar, Hans atacava.  Independente do ataque que era direcionado a ele, Adlet não conseguia prever. Defendendo-se com sua espada e a bainha, Adlet bloqueou o ataque. Então, quando Hans aterrissou no chão, ele virou um parafuso, atacando primeiro com as duas lâminas, em seguida, com dois chutes. Adlet bloqueou as lâminas, o que criou uma abertura, a qual Hans usou para dar um chute com os dois pés no estômago de Adlet.


“HÁ! Inútil!” Adlet gritou, sentido vontade de vomitar.


O homem que havia ensinado Adlet havia espancado ele. Adlet havia ficado forte no inferno. Ele fortalecera seu corpo, utilizava uma espada e estudara como usar armas secretas. Porém, mesmo com todo aquele trabalho duro, ele chegou à conclusão que havia uma intransponível parede entre as pessoas com talento e aquelas que eram comuns.


“Prepare-se!” No momento que Hans saltou, Adlet jogou sua última bomba de fumaça no chão. Abaixando-se rapidamente e passando por baixo do ataque aéreo de Hans.


Graças ao seu treinamento duro, ele era capaz de, pelo menos, bloquear os ataques de Hans. Mas ele só conseguia fazer isso. Superar alguém com talento era algo que uma pessoa comum não conseguia fazer.


Porém, mesmo ele sendo inferior no quesito habilidade, ele ainda poderia vencer. Mesmo se ele não tivesse nenhum talento, ele ainda poderia vencer alguém tão incrível quando Hans. Adlet só chegou onde estava acreditando firmemente nisso.


“... Haa... Haa...”


Os dois lutaram por um longo tempo. A maioria dos itens que ficavam nos cintos de Adlet haviam acabado. Hans tinha, no máximo, alguns arranhões, mas o corpo de Adlet estava coberto de ferimentos.


Mas até mesmo Hans se sentia um pouco cansado. Por apenas um segundo, ele pausou seus ataques. E aquele era o momento que Adlet estava esperando.


Adlet pegou um dos seus cintos que continha suas diversas armas secretas e jogou no chão. Confuso pela ação do outro, Hans parou de avançar, e Adlet continuou a retirar seu segundo, terceiro e quarto cintos e os jogou no chão também. Todos os cintos caíam diretamente no meio entre os dois lutadores.


Pela primeira vez, Hans parecia apreensivo, já que, Adlet se desfazer de suas armas secretas, dava ao assassino a vantagem. Mas Hans não tinha uma mente tão simples para achar que este era o caso.


“Meow, o que você está fazendo?”


“........... Eu não tenho mais minhas armas secretas. Eu vou te derrotar com a minha própria força.”


“.... Você está planejando algo.”


“Realmente.” Adlet admitiu rapidamente. Havia uma diferença descomunal entre a habilidade com a espada de Adlet e Hans. E havia uma forte possibilidade que Hans pensou que não era uma armadilha.


“... meow.” Hans murmurou. Ele não sabia como proceder.


Era estranho. Até alguns momentos atrás, Hans tinha total controle da luta. E como Adlet havia jogado suas armas secretas, Hans tinha uma vantagem maior ainda. E, mesmo assim, Hans não podia se mover.


Se Adlet fosse dizer a verdade, ele diria que não teria nenhuma maneira de parar Hans se ele parasse de pensar e simplesmente o atacasse. Mas Adlet acreditava que Hans não iria atacar. Hans tinha uma mente afiada. E, porque era tão afiada, ele não podia atacar. Mesmo se ele achasse que Adlet estava preparando uma armadilha, ele não iria atacar


“Qual o problema Hans? Assustado?”


“Sim estou. Não tem porque dizer que não.”


“Você é honesto.”


“Eu mato pessoas, mas eu não minto. Eu não posso mentir.”


Dada a situação, seria impossível vencer Hans. Uma completa vitória para Adlet seria provar que ele não era o sétimo e encontrar o traidor. Então, o que ele estava tentando fazer agora era alcançar esse objetivo.


“Meow.” Hans observava Adlet cuidadosamente. Ele checava se Adlet estava escondendo algo em suas roupas ou na boca. Ou se tinha algo que havia caído por perto que poderia ser usado como arma.


Mas Hans não estava prestando atenção à única arma que Adlet tinha com ele, sua espada. E, tomando proveito disso, Adlet atacou.


Adlet segurou firme no cabo da espada, girou e arremessou velozmente em direção a Hans. A arma girou algumas vezes no ar seguindo uma linha reta, acertando com toda a força o cabo no peitoral de Hans.


“Meow!” Hans saltou para trás, e, logo em seguida, Adlet gritou.


“Hans! Alguém como você consegue entender o que aconteceu agora certo? Eu errei propositalmente o ataque.” Enquanto gritava, Adlet jogava a bainha de sua espada longe. Agora ele estava completamente desarmado.


“.... Por que você errou?”


“Alguém como você deveria entender isso também, não é?”


Após jogar a bainha da espada, Adlet retirou sua armadura e suas roupas, mostrando a Hans que ele estava completamente desarmado.


“Pense Hans. Se eu fosse o sétimo, então, por qual motivo eu teria errado o ataque? Aquele último ataque era a única chance que eu teria de matar você. Por que diabos eu deixaria uma chance única dessas passar sem aproveitá-la? ”


“...Meow.”


Adlet estava usando da situação desesperada que se encontrava para ganhar a confiança de Hans. Ele acreditava que alguém como Hans iria entender que Adlet não era o sétimo.


Ou, ao menos, Adlet rezava por isso.


“Não importa o quanto você tente me enganar, não irá funcionar.”


“Se eu fosse o sétimo, então, seria mais útil para mim matar você ao invés de enganar você. A possibilidade de conseguir enganar você era baixa, mas a sua morte no meu último ataque era praticamente certa. ”


“...Guu.”


“Eu sou genuíno. E é por causa disso que não posso matar um companheiro. Essa é minha resposta, a razão pelo qual eu errei meu último ataque. Você entende agora, Hans?!”


Segurando firmemente em suas espadas, Hans parecia confuso. Os argumentos de Adlet faziam sentido, então, ele acreditava que seria capaz de persuadir Hans.


Mas havia um grande problema no plano de Adlet. Se Hans fosse o sétimo, agora Adlet estava desarmado, e a mercê do inimigo.


A situação atual era uma aposta. Mas Adlet não tinha nenhuma escolha, a não ser apostar que Hans era realmente uma das Seis Flores.


Adlet pensava. Eu te imploro Hans. Entenda e concorde que eu sou uma das Seis Flores, e não o sétimo.


Após alguns segundos, a energia parecia sair do corpo de Hans. “Meow. Estou convencido. Você realmente é uma das Seis Flores.”


Adlet tinha conseguido. Hans havia sido convencido.


Um suor gelado escorria pelo corpo de Adlet. A aposta não estava nada a seu favor, mas, ainda assim, ele conseguira vencer no final.


Porém, as palavras seguintes que Hans disse, fizeram seu corpo enrijecer.


“Foi bom eu ter ficado para trás. Se tivesse sido qualquer um dos outros, eles teriam sido convencidos. ”


“...Huh?”


Hans sorriu, e Adlet correu em direção aos cintos que ele havia jogado.


“É uma pena, mas eu sou o sétimo.” Hans falou, movimentando-se em uma velocidade descomunal em direção a Adlet.


No momento que Adlet pegou um dos cintos, a espada de Hans cortou através de seu pescoço.


Uma sensação fumegante atravessou seu corpo e Adlet conseguia definitivamente sentir sua cabeça sendo separada do corpo.


Mas...


Ainda segurando no cinto, Adlet estava vivo. Ele, então, tocou o próprio pescoço e confirmou que ainda estava preso ao seu corpo. Não havia um único corte nele.


Parando ao lado e sorrindo, Hans disse, “Humanos mentem com suas palavras. E suas ações também podem enganar. Muito menos olhos, voz, e moções merecem confiança. Mas, o rosto que uma pessoa faz antes de morrer não pode mentir. Nos segundos antes de morrer, o rosto de uma pessoa vai revelar suas verdadeiras intenções.”


Adlet quase não ouvia a voz de Hans.


“Se você fosse o impostor, então, você teria feito uma expressão de que eu disse algo ridículo quando falei em ser o sétimo. Mas seu rosto dizia que tudo tinha dado errado, que era o seu fim. Aparentemente, você não parece ser o impostor.”


“Eu pensei...... meu pescoço… foi cortado. ” Adlet mal conseguia falar direito.


“É mesmo? Apenas porque você alucinou que foi cortado daquela forma.” Hans riu. Ele, então, pegou a armadura e as roupas de Adlet e jogou para ele. “Por quanto tempo você vai continuar chocado? Vamos, rápido, vista-se. Eu não tenho nenhum interesse em ver um homem pelado.”


Voltando a si, Adlet se levantou, colocou suas roupas e prendeu seus cintos mais uma vez em seu corpo. Pegando a bainha da espada, ele caminhava até a arma e a guardava.


“Espero que possamos nos dar bem a partir de agora. ” Hans estendeu sua mão para Adlet, que, agora, já estava completamente vestido e preparado para o combate mais uma vez. Aceitando o cumprimento, Adlet esticou a própria mão.


“Honestamente falando, eu estava pensando que era um pouco estranho você ser o sétimo. Se fosse, você não teria nenhum motivo para defender Fremy.”


“Se você havia pensado nisso, deveria ter dito antes.”


“Meowehee, foi mal.”


Era apenas um passo. Mas era um enorme passo. A pessoa que havia suspeitado de Adlet mais do que qualquer outro, agora, era seu companheiro, e alguém com quem ele poderia contar.


Eu finalmente consigo ver alguma esperança


#


Fremy e Mora estavam no mesmo local onde Adlet tinha passado a noite.


“Há várias marcas e pegadas, mas temo dizer que não tenho ideia para qual direção ele correu.” Disse Mora, observando o chão. Então, ela se levantou, como se tivesse desistido.


“O rastro de sangue e pegadas acabam todos abruptamente.” Fremy comentou.


“Pessoas como Adlet sempre são as melhores em cobrir seus rastros.”


Fremy olhou ao redor delas. “Talvez ele ainda esteja aqui por perto.”


“As chances são poucas. E apesar de escolhermos vir procurar por ele, é pouco provável que ele tenha ficado parado em um só lugar.”


“É isto o que ele quer que pensemos, mas eu me arrisco a dizer que ele ainda está por aqui.”


Mora cruzou os braços e pensou por alguns segundos.


“Qual o problema?” Fremy perguntou.


“Eu não sei. Qual o objetivo de Adlet?”


“Ele está contra a parede, ou seja, sua única opção é fugir.”


“Errado. Tem que ter mais alguma coisa que ele está planejando. Ele elaborou um plano complexo. Então, acho que ele ainda deve ter uma coisa ou outra preparada para todos nós.”


“Independentemente da causa, tudo acabará quando o capturarmos. Vamos. Nós não temos escolha a não ser procurar em todo lugar.”


Fremy deu as costas para Mora e começou a se distanciar, mas, então, Mora falou para ela esperar.


“Não se apresse. Vamos conversar um pouco. Será melhor para nós darmos o próximo passo após pensarmos um pouco.”


“.... Entendido.”


“Primeiramente, eu tenho um favor para te pedir. Você não sabe nada a respeito dessa situação?”


“Eu não sei nada.”


“Você nunca ouviu os Kyomas comentarem sobre?”


“... você está me interrogando?”


Mora colocou uma mão no ombro de Fremy e disse, “Espere. Não entenda errado. É compreensível que você esteja insegura conosco depois dos eventos de ontem, mas saiba, nós não desconfiamos mais de você.”


“Eu não teria tanta certeza. E Hans, ou Chamo?”


“Deixe-me refazer minha fala. Eu não suspeito mais de você. Eu acredito que você seja uma importante aliada.”


“Certo...” Fremy respondeu. Porém, sob o olhar de Mora, ela baixou levemente a cabeça e disse. “Desculpe-me, mas eu não sei. Os Kyomas são divididos em pequenos grupos, e eles raramente interagem uns com os outros.”


“Eu pensei que os Kyomas eram mais juntos e cooperavam para alcançar sua causa em comum.”


“A maneira que os Kyomas trabalham é complexa. Muito mais do que você pensa.”


“Entendo.”


“E do seu lado, alguma informação? Existem humanos aliados ao Majin. Você não sabe de nada a respeito?”


“... não. E seria completamente justificado se você me considerar uma incompetente.” Mora suspirou. “A informação apareceu, mas eu simplesmente pensei que era um alarme falso, e nem verifiquei. Se eu tivesse sido mais cuidadosa, então, nós não estaríamos nessa situação.”


Mora colocou a mão na testa. Sua cabeça começava a doer.


“Não se preocupe. Isso tudo não é sua culpa.”


“Como? Você não está sendo boa, está?” Após dizer isso, Mora sorriu. Ela, então, colocou a mão na cabeça de Fremy. “Tem uma coisa boa que Adlet fez. Ele nos trouxe você. Mesmo se isso fosse apenas uma parte de seu plano, ainda assim, foi algo extremamente bom.”


“Não me trate como uma criança.”


“Da minha perspectiva, você é uma criança.”


Fremy virou o rosto e tirou a mão de Mora de sua cabeça.

“Esqueça sobre o fato que você era a assassina das Seis Flores. Você estava apenas seguindo ordens. É o mesmo quando um soldado mata alguém no campo de batalha e não são acusados de homicídio. A princesa e Goldof podem demorar um pouco, mas, eventualmente, eles vão se aproximar de você.”


“...”


“Até mesmo Chamo vai se abrir para você. Ela pode ser complicada, mas ela tem alguns aspectos positivos. Hans... é melhor deixar ele sozinho. Apesar de que sim, é verdade que você é a assassina das Seis Flores, e filha de uma Kyoma, não significa que você tenha que erguer uma parede em sua volta e se isolar dos outros.”


Ficando em silêncio, Fremy evitava olhar para Mora. “Agora não é o momento para conversas desnecessárias. Vamos perseguir Adlet.” Fremy disse e começou a andar. Mora caminhava logo atrás dela.


Enquanto andavam, Mora falou. “Eu entendo que você sente algo por Adlet. Afinal, ele foi o único que te protegeu quando nós te acusamos.”


Fremy não disse nada.


“Mas você deve levar em consideração que Adlet é o inimigo. Um inimigo muito covarde, diga-se de passagem.”


“Relaxe. Eu absolutamente odeio ele.”


“Tanto entusiasmo. Tão logo o encontrarmos, nós iremos matá-lo. Nós iremos matá-lo a qualquer custo, Fremy.”


                                                                                     #


Nashetania e Goldof estavam próximos da beirada da barreira, na parte que levava ao território dos Demônios Atormentados. Era onde os heróis deveriam ter se reunido e, aparentemente, onde Mora e Hans estiveram esperando os outros aparecerem.


“Você ouviu algo vindo do templo?” Goldof perguntou.


“Não, nada.” Nashetania respondeu. “Mas, mais importante, nós temos que procurar.”


Havia uma cova escondida ao lado da estrada, que parecia ser onde Mora e Hans haviam ficado. Como uma séria expressão na face, Nashetania estava ocupada procurando pistas na cova, mas ela era única entusiasmada a respeito da investigação. Goldof estava apenas parado, fazendo nada e parecendo perturbado.


“Nada. Hans-san e Mora-san certamente estiveram aqui, mas isto é tudo o que eu sei.” Nashetania disse ao sair de dentro da cova. “Hans deve ter conseguido alguma informação dos Kyomas que estavam por aqui. Mas não tem nenhuma marca que prova a proximidade dos Kyomas nesse local.”


Nashetania segurou a própria cabeça. “Eu quero me encontrar com Mora-san, mas eu me pergunto se ela vai em escutar. Mora-san acredita que Adlet-san é o sétimo. O que eu poderia fazer para convencê-la?”


“Princesa...”


“Eu estou brava comigo mesma. Apesar de Adlet-san poder morrer a qualquer momento, eu não consigo fazer ou pensar em nada para ajudá-lo.”


“Princesa, por favor pare.” Goldof disse, como se não suportasse mais as atitudes da garota.


Nashetania encarou Goldof brava. “Então você não acredita em mim, huh?”


“Adlet é o inimigo! Não importa o que você diga, Princesa, isto não vai mudar!”


“Basta! Se você não acredita em mim, então vá em frente e cace Adlet-san se quiser!” Nashetania colocou a mão na frente da boca. “.... Desculpe-me, Goldof. Eu falei muito.” Ela disse com uma expressão triste. “Eu não acredito. Eu nunca achei que iria brigar com você em toda a minha vida.”


Goldof também parecia ferido. Mas quando Nashetania virou as costas para ele, Goldof falou desesperadamente, “Princesa, por que Adlet?”


“Huh?”


“Por que, em vez de mim que te servi desde quando eu era pequeno, você acredita em Adlet?”


“O que você quer dizer?”


“... me perdoe, mas o que aconteceu com você Princesa? Algo mudou em você!”


Nashetania ficou sem palavras.


“O que Adlet é para você?! O criminoso que invadiu o torneio na frente da deusa, o homem desconhecido de uma lugar desconhecido e origens duvidosas, alguém que você viajou apenas por dez dias. Por que você está tão preocupada com ele?”


Ainda chocada, Nashetania apenas olhava para Goldof. “Eu poderia dizer o mesmo para você. O que aconteceu com você Goldof?”


“Princesa, eu...”


“O que você está dizendo Goldof? A batalha que decidirá o destino do mundo começou, e nossos companheiros estão expostos ao perigo. É meio difícil eu agir como o de costume, não concorda?”


“Isso, isso...”


“Adlet-san é nosso companheiro, nosso importante companheiro que terá sua força combinada com a nossa para derrotar o Majin. Tem algo a mais que você esteja pensando, Goldof?”


“...”


“Desculpe-me, mas o que há de errado com você? Agora não é o momento de lidar com seu ciúme bobo.”


“... você está certa. Eu deveria estar protegendo você princesa, eu não estive sendo eu mesmo ultimamente.”


Goldof olhou para o chão. Seu corpo tremia levemente de vergonha.


“Goldof. Eu sei de seus sentimentos por mim há um tempo já. Mas agora não é o momento. Não é realmente o momento.”


“... Certo.”


“Vamos esquecer essa conversa.” Nashetania disse, então, suspirou silenciosamente.


“Até mesmo você pode perder a cabeça. E isto é porque você ainda tem 16, ainda é uma criança. Às vezes eu esqueço disso, já que você é tão forte e confiável.”


“...”


“Nós não entendemos um ao outro tanto quanto achávamos.”
Nashetania, então, retornou para sua investigação da área, deixando Goldof para trás, chocado. E a sensação era de que um grande buraco havia se formado na relação deles de mestre e servo.


                                                                              #


“Meow, mais uma vez, vamos procurar de novo pelo templo. ”


Adlet entrou no templo junto de Hans. E, mais uma vez, ele confirmou que não havia nenhuma porta ou passagens secretas. Eles não conseguiam achar nada.


Enquanto procurava, Adlet estava um pouco desconfiado de Hans. Na verdade, ele se perguntava, se caso ele não achasse nada, faria Hans dizer que Adlet era o sétimo afinal de contas.


E Hans estava pendurado habilmente no teto, procurando por algo fora do ordinário.


“Hmm, ainda não achei nada, meow.”


Porém, a opinião de Hans sobre Adlet parecia não ter mudado. Hans não parecia nem estar com a guarda levantada, pronto para algo; a maneira que ele agia parecia suspeito, e fazia Adlet pensar se Hans não era de fato o sétimo, mas Adlet resolveu deixar isso de lado por hora.


“O que você está fazendo? Você é o que está na situação de vida ou morte. Foco na investigação.” Hans falou bravo.


“Ah, certo, desculpe.” Rapidamente, Adlet voltou para sua tarefa de procurar pelo chão. O fato de que havia um impostor era assustador. E significava que até mesmo as pessoas que ele deveria confiar, ele não poderia mais.


Entretanto, por hora, Adlet não estava em posição de desconfiar de Hans. Ele não tinha nenhuma escolha a não ser confiar que ele não era o sétimo.


“Nada. Não existe nenhuma passagem secreta.”


Hans saltou do telhado e aterrissou no chão. Eles terminaram de procurar em ambos, telhado e chão, e a única coisa que eles descobriram é que não havia passagens secretas.


“Eu não tenho nenhuma ideia. Desde que você não é o sétimo, deve ter alguém que entrou no templo antes de você. Só que não há nenhuma passagem secreta ou algo do gênero. Então, o que diabos aconteceu? ”


“Provavelmente, é uma Santa no final das contas. Alguém com o poder de criar passagens secretas, ou atravessar paredes. É possível que também tenham o poder de abrir e fechar portas.”


“Mora disse que tal Santa não existe. Então, nesse caso, não deveríamos suspeitar de Mora?” Hans perguntou.


Mora havia dito que ela conhecia o poder de todas as Santas. Ela também disse que era impossível para uma Santa ou alguém entrar no templo sem deixar um rastro. Contudo, havia a possibilidade de ela estar mentindo.


“Não exatamente. Pode existir poderes que Mora ainda não conhece. Hipoteticamente, até mesmo se o oitavo fosse alguém que Mora conhecesse, também é possível que eles estariam escondendo parte de seus poderes.”


“Realmente. Porém... se for assim, estamos sem possibilidades, meow.”


“Ops, é verdade… Eu esqueci.”


Adlet abriu sua caixa de ferro que havia sido colocada no canto do templo. Ele havia usado todas as armas secretas que tinha escondidas com ele. Então, para se preparar para a próxima batalha, ele estava reequipando novamente.


“Você tem um monte de coisas. Por acaso não tem algo que poderia usar? Uma arma secreta que possa ver através de mentiras ou algo do gênero?” Hans perguntava enquanto espiava os conteúdos de dentro da caixa.


“Os únicos itens que eu trouxe servem apenas para lutar contra Kyomas. Mas para situações do tipo, eu de fato trouxe algo que possa ajudar.”


Adlet, então, olhou para uma garrafa pequena, presa na ponta da caixa de ferro. Ele a tirou e a ficou observando perdido em pensamentos.


“Qual o problema? Você sabe quem o sétimo é?”


“Não, não é isso. Mas...”


Adlet continuou a pensar por alguns segundos, então, destampou a garrafa. A ponta havia sido feita para ser usado como um spray, que ele usou para cobrir o altar com o líquido vermelho da garrafa.


“O que você está fazendo?”


“Nada realmente...”


“O que é isso?” Hans perguntou, olhando para a garrafa.


Mas quando Adlet estava para explicar, eles ouviram um fraco som vindo de fora do templo.


Hans, instintivamente, correu para fora. Ao mesmo tempo, Adlet guardou a garrafa em um dos seus pequenos bolsos no cinto.


“Quem voltou?” Adlet perguntou, então, rapidamente, colocou a cabeça para fora do templo pela porta quebrada e observou os arredores. Hans estava acenando para ele, sinalizando que não havia nenhum problema.


“Eles podem voltar a qualquer momento.”


“Melhor nos apressarmos então.”


Os dois começaram a procurar pelas paredes de fora do templo, atrás de alguma passagem secreta. Mas eles não acharam nada.


“O que vamos fazer, meow? Será um pouco ruim quando os outros retornarem.”


“Vamos desistir daqui e procurar pelo oitavo.”


“Sem nenhuma pista? Poderíamos levar dias...”


Adlet se apoiou com as costas em um dos pilares de sal, fechou os olhos e pensou.


Sem ter encontrado qualquer tipo de pista, eles não acharam nada que provava a existência do oitavo. Entretanto, aquilo não significava que não existia um alguém que havia ativado a barreira logo antes de Adlet entrar no templo.


Quando a barreira foi ativada, Fremy, Nashetania e Goldof estavam todos no mesmo local. Hans e Mora também estavam juntos. Havia apenas uma pessoa que estivera sozinha.


“... Chamo?” Adlet perguntou. Ela inesperadamente apareceu sozinha no templo. E não havia ninguém que poderia provar o que ela estava fazendo antes de tudo acontecer.


Porém, mesmo se ela não tivesse um álibi, não mudava o fato de que ela entrar no templo era impossível. Sem descobrir que método havia sido utilizado para se infiltrar o templo, eles não podiam chegar a nenhuma conclusão.


“Por sinal, desde que estávamos com pressa antes, tem algo que eu esqueci de perguntar para você.”


“O que é?”


“Como a barreira é ativada? Eu não parei no forte, então eu não tenho ideia.”


“Você não ouviu de Mora? A barreira...” Adlet parou de falar abruptamente, um estalo surgiu em sua cabeça. Hans havia dito algo importante.


“...O que foi?”


Adlet lembrou o melhor que podia os eventos que aconteceram quando ele entrou no templo até a situação atual que eles se encontravam. Ele lembrou de tudo o que foi dito pelo grupo, cada palavra e cada frase. Ele estava convicto que a sua dedução não estava errada.


“É Chamo.”


“A sétima?”


“Não. Eu tenho algo para perguntar a ela. Onde ela está agora?”


“Chamo disse que estaria brincando próximo ao templo. Estou com medo de chamar por ela.”


“Provavelmente vai ser ruim se eu estiver aqui. Você vai. E pergunte para ela por mim.”


“O que é aquela…”


Quando ele estava prestes a dizer para Hans a pergunta, Adlet viu um gigante verme na sua frente. Se movia pelo chão em uma velocidade descomunal e avançava em direção à floresta.


Após algum tempo, uma voz foi ouvida na direção que o verme desapareceu.


“Chamo está aqui.” Chamo disse, aproximando-se e balançando a Setaria em sua mão direita.


“Gato-san. Então você acha que Adlet não é o impostor huh? Por que está conversando com ele tão imprudentemente?”


Hans correu para a frente de Adlet.


“Meow, não ataque, Chamo. Eu sei que ele não é o inimigo.”


“Esta é uma ideia estranha. Por quê?”


“Sobre isso...”


“Se for uma explicação longa, você não precisa contar para Chamo.” Ela disse interrompendo Hans. “Chamo não se importa.”


Hans não sabia o que dizer. E Adlet não tinha ideia do que Chamo estava pensando. Ele se perguntava se ela sequer planeja descobrir quem o sétimo era.


“Chamo está cansada de estar aqui. Ficar sozinha é tedioso, e Chamo não tem nada para poder brincar. Chamo quer ir e derrotar o Majin logo.”


“Entendo. Eu também penso assim. Então, eu tenho algo para te perguntar. Para descobrir quem é o impostor.”


O pedido de Adlet apenas fez Chamo suspirar desdenhosamente.


“Eu já enjoei desse tipo de conversa, discutir quem é o impostor e quem é o verdadeiro.”


Chamo ergueu a Setaria em direção a boca. Então, ela sorriu. No momento em que ela sorriu, Adlet sentiu um arrepio atravessar suas costas.


“Primeiro eu vou matar você Adlet. E se não for você o impostor, daí matarei Fremy. Se não for ela, então Gato-san, em seguida me livrarei da Princesa-sama e do Gigante. E como é impossível Mora-obachan ser a sétima, ela é a única que Chamo não tem vontade de matar.”


“Espere, Chamo, o que você está dizendo?” Adlet gritou, ao mesmo tempo que, inconscientemente, sacava sua espada. Hans, assim como um gato, agachava-se e se preparava para atacar.


“Se você matar todo mundo, então, quem será o inimigo? Você acha que é capaz de vencer O Majin sozinha?”


Chamo colocou a Setaria dentro de sua boca e enfiou até o fundo de sua garganta. Ela, então, começou a vomitar. Um vômito na cor preta misturada com marrom e amarelo sujo se espalhou pelo chão. Uma quantia fora do comum, dez vezes o tamanho do pequeno corpo dela.


“Meo, meomeow!”  Hans disse com medo


O vômito de Chamo estava tomando forma. De cobras gigantes a sanguessugas, assim como sapos e lagartos. O vômito estava se transformando em um Kyoma.
“Deixe Chamo explicar. Existe um pântano no estômago de Chamo. E no pântano estão todas as criaturas que Chamo comeu até hoje, todas vivendo em harmonia.” Chamo, então, limpou o canto de sua boca com a manga. E, logo em seguida, todos os Kyomas atacaram Adlet e Hans.


“Nós deveríamos correr!”


Cinquenta Kyomas se aproximavam deles. Haviam cercado completamente os redores do templo.


“Nós não temos escolha.” Adlet gritou.


Não havia mais nada que eles podiam fazer a não ser lutar. Adlet retirou as bombas de fumaça de seus bolsos, e as jogou em um Kyoma em forma de cobra que se aproximava. Ao mesmo tempo, Hans girava no ar e cortara fora o pescoço de um Kyoma lagarto. Mas, no próximo, o inimigo morto voltou à vida como se nada tivesse acontecido. Os dois Heróis, então, juntaram-se para matar um Kyoma aranha que saltava na direção deles. Mas, assim que morria, já se regenerava e voltava à vida.


“O que é isso? O que devemos fazer contra coisas como essas?” Hans gemia. E Adlet finalmente entendia porque Fremy estava tão assustada com Chamo.


Os Kyomas que Chamo vomitou formavam uma linha e cercavam os dois heróis, impedindo-os de fugir.


“Pare de besteira Chamo! Por que você está atacando até Hans!?”


“Não tem problema, certo? Afinal, não há provas que Gato-san não é o impostor.”


“Você é idiota? O que está pensando?”


Adlet estava em fúria, mas a expressão de Chamo demonstrava que ela não entendia o porquê de ele estar bravo.


“Chamo pensou em uma boa ideia. Gato-san, mate Adlet. E se a barreira desativar, Chamo não vai matar você.”


Adlet olhou para Hans.


Com um sorriso triste, Hans disse, “Não se preocupe. Eu não tenho intenções de fazer isso.” Hans, então, apontou sua espada para Chamo.


“Hans. Quando você ver que não tem outra oportunidade, mesmo se for sozinho, corra.” Adlet disse.


“Para de contar piadas e agir todo heroico.” Hans respondeu com um sorriso de canto.


E com aquilo, os dois atacaram Chamo, que apenas ria e continuava a vomitar mais Kyomas.


“Definitivamente!”


Sem hesitar por um segundo sequer, os dois deram as costas para Chamo. Mas, na floresta, um número maior de Kyomas esperava por eles. Os dois fizeram a volta e correram em direção aos pilares de sal. Mas os Kyomas que Chamo havia vomitado ignoravam os pilares e iam em direção aos dois.


#


Adlet e Hans lutaram com os Kyomas, que haviam se posicionado de maneira que Chamo ficasse no meio, os braços dela estavam cruzados em frente de seu corpo.


Mesmo se eles tentassem dar um jeito nos outros Kyomas, devido à regeneração deles, era algo desnecessário. Então, Chamo era o alvo deles. Porém, toda vez que eles tentavam atacar a garota, um Kyoma entrava na frente do outro. Eles bravamente bloqueavam cada ataque direcionado para Chamo com seus corpos, até mesmo as armas que Adlet jogava neles.


“Não dá para alcançá-la! Dividir! Nós temos que coordenar nosso ataque!”


“Meow! Entendi! Tenho um plano!”


Os dois se separaram e tentaram acertar Chamo com uma tática de pinça, da esquerda e da direita. Adlet atraiu os Kyomas até ele, e Hans deu a volta por trás. Mas ambas as táticas foram inúteis. Cada um dos Kyomas estava se movendo automaticamente, então, mesmo que eles tentassem acertá-la com um ataque inesperado, seria inútil.


“Hehe. Todos sempre tentam a mesma coisa. Trabalhar em equipe para atacar Chamo? Ninguém nunca conseguiu isso.” Chamo nem parecia estar no meio de uma luta pela maneira que ela se comportava, calma e brincalhona.


“Alguma coisa, Adlet?” Hans gritou.


Adlet não podia responder. Então, um Kyoma na forma de sanguessuga, atrás dele, cuspiu ácido em sua direção. Adlet esquivou para o lado, mas outro Kyoma o atacou. Adlet cravou sua espada no estômago do monstro atrás dele.


Ele estava cansado e ainda não havia se recuperado da batalha com Hans. Hans provavelmente estava na mesma situação. Isso significava que, quanto mais a batalha se estendesse, mais desfavorável a situação ficaria para eles.


“Hans! Cobertura!” Adlet gritou.


Cortando a língua de um Kyoma sapo, Hans respondeu, “Estou ocupado. Não seja preguiçoso!”


“Eu vou pensar em algo enquanto você me protege!”


Hans, então, deu um grande pulo e aterrissou ao lado de Adlet. E, assim como Adlet pediu, Hans o protegeu. Ele atacava e atacava, sem pensar nas consequências. Mas, mesmo ele, não poderia segurar os Kyomas por muito tempo.


Sussurrando Adlet dizia, “Por quanto tempo você aguenta segurá-los?”


“Um minuto.” Hans respondeu.


“Após um minuto, não pense em nada, apenas ataque Chamo. Eu te cobrirei.” Adlet disse, então, dirigiu sua atenção a Chamo.


Primeiro, ele tinha que procurar uma arma que funcionasse. Adlet tacou vários tipos de dardos envenenados e observava o efeito que eles causavam. Os dardos de paralisia e com soníferos não funcionavam, mas os que causavam dores pareciam ser efetivos.


Em seguida, Adlet pegou um álcool inflamável e colocou em sua boca. Ele, então, mordeu o pavio em sua boca e cuspiu fogo nos Kyomas.


“Woah, estou surpresa. Cuspir fogo não é algo que humanos conseguem fazer.” Chamo disse de uma maneira despreocupada. Você é a única que eu não queria que falasse comigo, Adlet pensou.


Então, Adlet pegou uma de suas armas secretas de um de seus bolsos. Era o item que ele tinha usado junto de Nashetania quando eles protegeram a vila, a flauta que atraia a atenção dos Kyomas.


Fogo, dardos venenosos e a flauta. Apenas dois deles irão funcionar na Chamo. É impossível. Eu preciso de outro plano.


Mas Hans estava chegando em seu limite, então, independente do que aconteceria a partir daquele momento, Adlet teria que deixar nas mãos do destino.


“Hans, vá!”


Ao mesmo tempo que Adlet gritava, ele aproveitava para também tocar a flauta. Todos os Kyomas reagiram ao mesmo tempo e viraram em direção a Adlet. E, naquela abertura, Hans diminuiu drasticamente a distância entre ele e Chamo.


Adlet cuspiu fogo nos Kyomas vindo até ele, fazendo-os recuar.


Entretanto, a flauta era apenas para chamar a atenção por apenas alguns segundos. Logo, os Kyomas começaram a ir atrás de Hans de ambos os lados, mas Hans não mostrou nenhum sinal de fugir, ele confiava em Adlet.


E Adlet respondeu à altura. Tirando os dardos envenenados sem os Kyomas notarem, Adlet jogou os dardos nos corpos dos inimigos, fazendo-os gritar em agonia e se contorcerem de tanta dor.


E com nada bloqueando o caminho entre ele e Chamo, Hans saltou em direção a ela.


Mas isto não deve ser o suficiente, Adlet pensou. Um ataque surpresa como esse não seria o suficiente contra um oponente que havia assustado tanto Fremy.


Chamo sorriu.


“Idiota.” Chamo sorriu.


“Não esquive!” Adlet gritou para Hans. “Defenda o ataque!”


Após Adlet gritar, uma grande quantidade de baratas gigantes apareceu na boca de Chamo, e, em seguida, dispararam em Hans como um canhão.


Hans cruzou as espadas em sua frente e empurrou o ataque de baratas facilmente para longe.


Enquanto isso, Adlet já estava em movimento. Ele correu um uma linha reta e saltou. Então, com ambas as pernas, ele chutou as costas de Hans. Enquanto as baratas eram arremessadas para longe na frente dele, a voadora nas costas de Hans o forçou a ir para frente girando no ar.


“Acerte, Hans!” Adlet gritou.


Hans estava voando diretamente onde Chamo estava parada. Como uma face que parecia inocente, sem entender o que estava acontecendo, ela apenas encarava Hans se chocar contra ela.


Hans dava um grito enquanto girava no ar e, no momento que ficou sobre Chamo, acertou ela com a parte de trás da espada que não tinha fio. Ele, então, aterrissou já fazendo um rolamento e se levantando.


Quando Adlet caiu no chão após o chute, ele correu velozmente até onde Chamo havia caído, mas continuar batendo nela era desnecessário. Ela já estava desmaiada.


No próximo instante, os Kyomas começaram a derreter e voltar a forma de lama. E, depois de alguns segundos, eles foram sugados para dentro da boca de Chamo mais uma vez.


“Adlet! Incapacite ela!” Hans gritou.


Adlet tirou uma bandagem de um de seus bolsos e colocou na boca da menina desmaiada.


“Mmm.” Chamo acordou e imediatamente tentou cuspir a bandagem.


“Meow, não a deixe cuspir!”


Adlet segurou firmemente os braços de Chamo atrás das costas dela com uma mão e, com a outra, empurrou mais ainda a bandagem na boca dela. Hans saltou em direção a Adlet e juntos, eles pressionaram o corpo da garota contra o chão.


“Segure ela!”


“Corda, rápido. Amarre-a.”


Os dois jogaram pro lado as espadas e se concentraram em segurar Chamo. Adlet tirou outra bandagem e forçou ainda mais na boca dela. Ele, então, tirou um dos seus cintos e amarrou os braços de Chamo atrás das costas.


Mesmo assim, ela continuou a se debater por algum tempo. Mas, eventualmente, ela ficou quieta.


Após a luta acabar, Adlet estava tão cansado que mal conseguia falar. Hans parecia estar no mesmo estado. De qualquer forma eles estavam cansados. Completamente exaustos.


“... Minhas costas doem.“ Hans murmurou.


                                                           
                                                                                           #


Com Chamo deitada no chão, Adlet e Hans também estavam deitados de tanta exaustão.


“Bom, o que vamos fazer agora?”


“Realmente, o que vamos fazer?...”


Os dois olharam para Chamo. Ela estava encarando Adlet e o rosto dela era igual a de uma criança que havia sido repreendida depois de ter feito alguma travessura e, agora, pedia para que ele não ficasse tão bravo.


Quando não estamos lutando, ela é apenas uma criança.


“Eu não acho que Chamo seja a sétima.” Adlet disse.


“Nem eu.” Hans concordou.


O sétimo era, provavelmente, alguém completamente cauteloso e discreto. E a maneira de Chamo agir, ao contrário disso, era completamente irresponsável, indiscreta.


“Meow. Quando os outros voltarem teremos que lutar contra eles.”


“Verdade. O sétimo é um incômodo como inimigo.”


Adlet se levantou. Ele não podia desperdiçar tempo. Os outros que estavam procurando por ele iriam retornar logo.


“Então, qual era a pergunta que você tinha para Chamo? Apesar de ela não poder responder na condição atual que ela se encontra.”


“É mesmo. Ela pode responder com apenas sim e não.” Adlet ficou ao lado da garota. Ela, então, encarou-o. “Responda. Basta balançar a cabeça se não. Por favor.”


Chamo parecia insatisfeita, mas, ao mesmo tempo, também demonstrava que iria responder.


“Você sabe como ativar a barreira da névoa ilusionária?”


Chamo olhou para ele confusa. Era como se ela não entendesse o porquê da pergunta. Então. ela fez que sim com a cabeça


“Mas você sabia como ativá-la antes de eu te encontrar no templo?”


Silenciosamente, Chamo balançou a cabeça negativamente.


#


Quinze minutos se passaram desde a luta contra Chamo, e, agora, Adlet corria pela floresta enevoada sem fazer um único ruído. Ele corria em direção ao leste e, ao olhar para o céu, dava para dizer que já tinha passado do meio dia.


“...Gug.” Ele gemia, ao aterrissar mal em um galho de árvore.


Quando ele pulou, sua costa começaram a doer, o que resultou em ele aterrissar mal e fazer muito barulho. O machucado do dia anterior, que Hans havia feito com a espada que ele arremessou, começava a doer novamente, e os analgésicos estavam acabando. E, provavelmente, a luta contra Hans, e depois Chamo, só piorou o ferimento.


Ao todo, Adlet estava ferido, cansado, e a dor nas suas costas só aumentava a fatiga.


“Você tem que aguentar.” Adlet disse para seu corpo.


Seu único aliado, Hans, não estava com ele. Ele havia ficado com Chamo no templo, vigiando-a, caso ela tentasse fugir, mas também havia ficado para trás para tentar protegê-la do sétimo. Considerando o poder de Chamo, o fato que ela estava presa e indefesa seria a oportunidade perfeita para o impostor. Adlet se sentia desapontado por não poder mais lutar ao lado de Hans, mas eles não tinham escolha.


Adlet olhou seus arredores. Após confirmar que não havia ninguém próximo dele, pegou o sinalizador que Fremy havida dado a ele na noite anterior. Segundo ela, iria informar à Santa da Pólvora onde ele estava.


Ele hesitou por um momento e, então, acendeu o sinalizador. Após isso, ele se escondeu no tronco de uma árvore e ficou esperando por Fremy.


E, então, ele descobriu uma forma de desvendar o plano do sétimo.


                                                                                     #


Na parte norte da floresta, Fremy e Mora estavam correndo até o templo.


“Não tem engano. O que nós ouvimos antes foi Chamo lutando.” Fremy disse.


“Mas eu não escuto nada agora.” Mora comentou. “Ela deixou Adlet ir? Ou a batalha teve um fim?”


“Seria impossível para Chamo perder. E, além disso, Hans também está no templo.”


“Mas eu não escutei o sinal. O que está havendo?”


As seis pessoas perseguindo Adlet concordaram que, se encontrassem ele, ou qualquer coisa importante, mandariam um sinal, sendo esse, um dos sinalizadores de Fremy.


Inesperadamente, Fremy parou e observou a sua volta.


“Qual o problema?”


“Mora, continue até o templo. Eu vou seguir uma direção diferente.”


“Para?”


“Talvez Adlet possa ter fugido após sua luta com Chamo. Se ele escapou pelo caminho do templo, você pode emboscá-lo. E se ele foi por algum outro trajeto, eu vou encontrá-lo.”


“... Boa ideia. Tenha cuidado.” Tinha algo escondido nas palavras de Mora, pois ela observava cautelosamente Fremy se afastar.


Então, Mora correu. Quando Fremy não podia mais vê-la, ela seguiu logo atrás da garota.


                                                                                 #


Em cima de uma árvore, Adlet esperava por Fremy.


Ele não tinha nenhuma prova que ela era sua aliada. Pelo contrário, ela pode acabar trazendo Mora junto dela, e ambas o matarem. As chances ao seu favor eram de 50/50, ou talvez menos.


Ele sabia que, devido a sua relação com Nashetania, ela era alguém que ele podia confiar. Mas Goldof estava com ela. E certamente ele não iria deixar a princesa sozinha.


Então, agora, a única opção que ele tinha era Fremy.


Enquanto Adlet esperava, ele lembrava da conversa que teve com Hans durante a busca no templo, antes de eles lutarem com a Chamo. Quando Adlet sugeriu eles chamarem Fremy, o assassino ficou sério.


“Meow. Eu sabia que tinha algo de estanho. Então ela deixou você fugir de propósito no final das contas.”


“Você notou?”


“Eu pensei que seria possível. Mas Fremy não falou para nós.”


Aquilo deixou Adlet um pouco preocupado. Talvez houvesse outros que desconfiavam do pacto secreto entre ele e Fremy.


“Eu vou chamá-la. Talvez ela tenha notado algo também.”


“É melhor você desistir. O que eu quero dizer é que você não deverá nunca mais tentar se aproximar dela. Aquela garota é perigosa, meow.”


“...Por quê você pensa isso?”


“Meow. A partir do momento que as suspeitas sobre você acabarem, ela é a próxima da lista com a maior possibilidade de ser a sétima.”


Adlet balançou a cabeça


“Fremy não é a traidora. Eu tenho certeza.”


“...Temos opiniões diferentes então.”


Por alguns segundos, os dois se encararam. Nenhum dos dois parecia que ia mudar de ideia.


“Por hora, vou considerá-la autêntica. Mas, mesmo se eu pensar que ela é uma de nós, eu ainda acho que você não deveria tentar se aproximar dela.”


“Por qu6e? Ela me deixou fugir...”


“Ela deixou você fugir naquela hora, mas eu acho que ela planeja matar você no final de tudo.”


“Por que pensa isso?”


O olhar de Hans era penetrante. Sua atitude despreocupada havia desaparecido, e o que Adlet via agora era o rosto de um cruel assassino, desprovido de coração.


“Fremy vive na escuridão. Ela não ama ou confia em ninguém. Ela apenas se prepara para os inimigos que estão ao redor dela, e com as pessoas que não são inimigas, cedo ou tarde irão virar. Esse é o tipo de vida que ela vive. Meow?”


“...”


“Eu também sou um humano que vive na escuridão. Mas a escuridão que Fremy se encontra é muito mais profunda que a minha.”


“... é nisso que você acredita?”


“Exatamente, meow. Coisas como confiança, amizade e companheiros que te protegem, esse tipo de coisa que você acredita, são completamente diferentes do que ela acredita. Você não pode pensar que é capaz de entendê-la.”


O concelho de Hans provavelmente estava certo. E ele estava simpatizando com Adlet de sua própria maneira. Mas Adlet achava que era capaz de formar uma relação de confiança com Fremy.


“Adlet. Fremy não gosta de você. Ela odeia que você tenha feito de tudo para tentar protegê-la.”


“...”


“Não confunda. Não é como se ela não sentisse algo por você, lá no fundo, ela te ama ou algo do gênero. Mas, ao mesmo tempo, ela te odeia do fundo do coração dela. Não, ela detesta você. Pelo menos é o que parece pelo o que ela disse esta manhã.”


Talvez ela estivesse fingindo.


“Esqueça sobre Fremy. E, mais do que isso, esqueça sobre o quarto fechado.”


E, com aquelas palavras, a conversa deles sobre Fremy acabou.


                                                                                    #


Após derrotar Chamo, Adlet disse que ele iria se encontrar com Fremy e deixou o templo. Enquanto ele saia, Hans repetidamente relembrava ele de tomar cuidado.


Enquanto andava, Adlet pensava em Fremy.


Noite passada, os dois conversaram sobre seus respectivos passados. E, naquele momento, apenas que um pouco, ele de fato sentiu que ele entendia o coração dela. E aquela sensação não parecia ser uma ilusão.


Ele não achava que ela confiava nele. Mas não tinha o porquê de ela detestar ele. Porém, ele não sabia o que Fremy estava pensando. E ele não conseguia dizer o que estava no coração dela.


Independente se era certo ignorar ou não o conselho de Hans, a resposta viria logo para Adlet.


Através do nevoeiro, ele avistou Fremy. Sua silhueta estava fraca e ela parecia procurar por ele. Ele apenas observou ela por algum tempo. Então, ele confirmou que não havia mais ninguém nas proximidades. Após se preparar, Adlet saltou na frente de Fremy.


“... Você tem uma ótima capacidade de sobrevivência.” Fremy foi a primeira a falar. Ela segurou no rifle e tinha o dedo no gatilho, mas ela não apontava a arma para Adlet.


“Estou exausto. Achei que fosse morrer muitas vezes. Quando eu voltei para o templo Hans estava lá e...”


“Fale apenas sobre coisas úteis, como desativar a barreira.” Fremy disse friamente.


Adlet se contorceu um pouco com as palavras dela, então, lembrou de como era a interação deles, e a sensação ruim passou. Ela havia sido daquela maneira desde o começo.


“Uma ideia veio até mim. Você gostaria de ouvir minha opinião sobre o que eu descobri?”


“Depende da significância delas.”


“A armadilha que o sétimo fez. Nós fomos capazes de entender parte dela.”


“... Estou ouvindo.”


“No começo, nós estávamos errados. Não foi o sétimo que fez nós chegarmos às conclusões erradas. Ninguém havia ativado a barreira antes de eu entrar no templo. E quando eu abri a aporta e entrei, a barreira ainda não tinha sido ativada.”


“Eu acho que isso é um pouco absurdo.”


“Continue ouvindo. Nós sabemos como ativar a barreira. Colocando a espada no pedestal e, após dizer os comandos na lajota, a barreira iria ativar. E quem explicou isso para gente? Foi o soldado de Primeira Classe Rowen no forte.”


Olhando para outro lado, Adlet continuou. “Mas o que você acha de Rowen ter sido um cúmplice do sétimo?”


“Ambos, você e eu, não sabíamos que as barreiras existiam até ouvirmos de Rowen, Nashetania e Goldof também, eles disseram ontem que havia sido a primeira vez que eles ouviram sobre a barreira. Mora sabia sobre a barreira, mas ela disse que não sabia como ativar. Hans ouviu sobre por Mora. E eu confirmei que Chamo apenas ficou sabendo do processo de como ativar a barreira pelo que eu falei ontem. Em outras palavras, nós nem saberíamos se Rowen mentiu.”


“... Continue.”


“Esta é a estratégia que o sétimo montou. Primeiro ele usaria Rowen para nos dizer uma mentira de como ativar a barreira. Entã,o usaria Kyomas para nos atrair para o templo. Prevendo quando eu abriria a porta, eles fizeram o nevoeiro encobrir a floresta de alguma maneira. Então, nós estávamos errados em achar que alguém ativou a barreira e fugiu. Na verdade, naquele momento, ela ainda não havia sido ativada. Havia apenas um nevoeiro. A espada estava colocada no pedestal desde o começo.”


“...”


“Despreocupadamente, o sétimo se aproximou do altar e ativou a barreira. Naquele momento, todos estavam tentando desativar a barreira no altar. Foi este o momento que o sétimo aproveitou e usou o comando de ativação. Após isso, eles apontaram que fui eu que abri as portas do templo, que haviam sido completamente seladas.  E se eles conseguissem me acusar, então, a armadilha estaria perfeitamente completa.”


“A pessoa que culpou você foi Hans. Está dizendo que ele é o sétimo?”


“Creio eu que não. Talvez o sétimo contava com Hans falando a verdade. Hans tem muito conhecimento sobre as portas feitas pela Santa. Então, o sétimo deixou as explicações para Hans.”


Adlet colocou mais informações para completar a explicação. Ele disse para Fremy sobre sua luta com Hans, como eles, mutuamente, confirmaram que ambos respectivamente não eram o sétimo. E a luta contra Chamo após isso.


“O que importa é que alguém esperou até o exato momento que eu entrei no templo e fez o nevoeiro começar. Se capturarmos quem iniciou o nevoeiro, minha inocência será provada.”


“Entendo.” Fremy disse e então pensou por alguns segundos. “Eu acho que é uma ótima ideia. Bem pensado.”


Adlet fechou a mão em um soco e acertou a palma de sua outra mão, Fremy, logo, falou, “Mas você está absolutamente errado.”


“...Huh?”


“Impossível. É impossível o nevoeiro surgir sem a barreira ser ativada.”


“Não pode a Santa do Nevoeiro fazer algo do gênero?”


“Você está errado na sua forma de pensar sobre as Santas. Você acha que por usar os poderes dos deuses qualquer coisa é possível. Mas isto é incorreto. O poder de uma Santa é limitado.”


“Mas uma santa que seja capaz de produzir nevoeiro provavelmente existe.”


“Ela existe. Uma das pessoas que criou essa barreira era a Santa do Nevoeiro. Mas é impossível achar que foi ela que fez a nevoa começar.”


“Por quê?”


“Se a Santa do Nevoeiro usar o poder dela, a névoa iria aparecer inicialmente ao redor dela. Com um alcance de 500 metros. E levaria tempo para o nevoeiro se estender por toda a floresta. Com uma floresta tão grande como essa, eu acho que pelo menos uns cinquenta minutos. Mas o nevoeiro apareceu instantaneamente por toda a floresta.”


“Espere. O nevoeiro não cobriu toda a floresta no momento que a barreira foi ativada?”


“Realmente. Mas foi uma barreira que levou tempo para se construir. Por dez anos ela acumulou do poder do Deus dos Nevoeiros, tudo para que ela pudesse produzir a quantidade que foi utilizada em um instante.”


“Então, ela provavelmente não pode criar outra barreira além da barreira do nevoeiro ilusionária? Outra barreira que produz um nevoeiro?”


Fremy balançou a cabeça a apontou para o chão embaixo de seus pés.


“Tente escavar.” Fremy disse.


Adlet, então, cavou um pouco no chão com sua espada e achou uma estava com escritas sagradas.


“Esta é uma das estacas que contém o poder da barreira do nevoeiro ilusionária. Existem incontáveis estacas como essa enterradas em toda a floresta. Ah, eu esqueci de mencionar. Apenas uma barreira pode se formar no mesmo lugar. Se alguém tentasse formar uma segunda, uma das duas, ou talvez as duas, perderiam o seu efeito.”


“... Mas, mas...”


“É impossível para o nevoeiro ser feito sem o poder da barreira. E duas barreiras que produzem um nevoeiro não podem existir nessa floresta. Em outras palavras, é impossível.”


“...” Nenhuma palavra saiu da boca de Adlet. A ótima ideia que ele havia tido fora recusada rapidamente.


Ele também acreditava que a situação que eles se encontravam era impossível por qualquer outro método, a não ser o que ele tinha pesando. E, então, Adlet não tinha mais nenhum argumento.


“Alguma pergunta?” Fremy perguntou friamente para o desamparado Adlet.


                                                                               #


“Que idiota!” Mora gritou no templo. Ela acertou o chão com sua mão vestida com a armadura, fazendo o solo nas redondezas tremer levemente.


“Meo, meow. Não fique tão irritada.”


Hans explicou o que tinha acontecido para Mora, e, enquanto ela escutava, seu rosto foi ficando cada vez mais vermelho. Mas quando ele terminou de explicar, ela demonstrou uma enorme fúria.


“Isto é comum para Chamo. Mas Hans! Eu achava que você era um tolo antes, mas nunca pensei que era tão tolo assim!”


“Isto é algo cruel de se dizer.”


“Por que você deixou Adlet fugir? Era a oportunidade, não, talvez a única chance que tínhamos!”


Cansado, Hans respondeu. “Bom, Mora, eu acho que a inocência dele pode ser provada.”


“...O que você está dizendo?”


“Ele é uma pessoa peculiar. Ele conseguiu enxergar através dos planos do sétimo.”


“Eu vou ouvir. Reze que o último fio de paciência que eu tenho dure até o final.”


Hans disse para Mora sobre a teoria de Adlet, e ela escutou silenciosamente. Mas quando ele terminou, ela parecia estar mais furiosa ainda.


“Você não sabe nada dos poderes de uma Santa. Fazer névoa sair como se fosse nada é impossível.”


“É mais possível isso do que o templo ter sido invadido de alguma forma.”


“Ambos são o mesmo. O templo não podia ser invadido, e o nevoeiro não poderia ter sido produzido.”


Mora explicou o motivo pelo qual o nevoeiro surgir instantaneamente ser impossível. O porquê de duas barreiras não poderem existir ao mesmo tempo, e outras características do poder da Santa do Nevoeiro.


“Meow, Mora você é inflexível. Apesar de eu ter entendido o que você disse, não me parece impossível.”


“Chamo. Você consegue pensar em uma maneira do nevoeiro surgir instantaneamente?”


Levantando-se ainda amarrada, Chamo balançou a cabeça.


“Você está errada. Você entenderia se pensasse nisso apenas por alguns segundos. Após o sétimo ter pensado em um plano sublime, eles o executaram.”


“Ah, entendo. Pense como quiser. Eu vou ir e procurar por Adlet.”


Mora tentou dar as costas para Hans, mas ele jogou uma faca que se fincou no chão a milímetros do pé da Santa.


“Espere. Eu credito que Adlet não seja o sétimo.”


“... Eu já não discuti com você o suficiente?” Mora encarou Hans irritada.


“Se Adlet fosse o sétimo, então, por que ele não me matou? Por que ele defendeu Fremy? Por que ele não matou Chamo quando teve a chance? Não tem como explicar esses eventos.”


Mora suspirou, tentando se acalmar.


“Você não sabe? Eu posso facilmente explicar o porquê de Adlet não ter matado você.”


“...”


“Para começar, por que ele se infiltrou no nosso meio?  Se ele quisesse apenas nos prender aqui, não era necessário ele aparecer no templo. Teria sido melhor se ele tivesse se escondido, então, ativado a barreira e ficado correndo e se escondendo enquanto nós ficássemos perdidos e confusos. Mas, ao invés disso, ele tinha um brasão falso e se uniu a nós. Com qual propósito?”


“... Meeow, isto, ééé...”


“Para confundir nossos pensamentos, para acharmos que ele é genuíno e um outro alguém é o sétimo. Você não acha que ele fez nós pensarmos que o traidor era um de nós? A armadilha dele era uma que atacasse nossas mentes. Por que você não entende isso?”


As palavras delas fizeram Hans ficar sem ter o que falar. Chamo sorriu com a boca ainda presa por bandagens.


“Realmente, o plano dele está dando certo. Você foi completamente enganado por ele. A princesa também parece pensar que ele não é o impostor. Isso significa que duas das Seis Flores já caíram na armadilha dele. ”


“Bom, mas, Adlet...”


“Por que ele protegeu Fremy? Para ganhar ela como uma aliada? Por que ele não matou você? Para te enganar. Ele não é o sétimo por que te deixou viver? Mesmo se ele fosse o sétimo ele não faria isso. Você tem algo para refutar o que eu disse?!”


“Mas eu vi.”


“O rosto de uma pessoa prestes a morrer não pode mentir? Isso não é nada mais que sua própria opinião?”


Hans era incapaz de dizer qualquer coisa. E, então, Mora, com uma voz cheia de certeza, silenciosamente disse, “Você não tem mais nenhuma escolha.”


                                                                                      #


Adlet fazia uma pergunta depois da outra para Fremy. Ele queria saber se não tinha nenhuma forma de criar o nevoeiro, ou se não tinha um Santa com aquela habilidade. Ele não sabia muito sobre as habilidades das Santas, então, para descobrir, ele não tinha nenhuma opção a não ser perguntar para Fremy.


Mas as repostas de Fremy eram curtas, e ela penas repetia como sua teoria era impossível.


“... que tal desistir de uma vez?” Ela perguntou, friamente interrompendo as perguntas dele. “Você já foi vencido. Temo que todas as suas teorias já esgotaram e você não tem mais nenhuma chance de escapar. Mesmo se não fosse o sétimo, não tem como você sobreviver.”


Adlet estava perdido. Talvez seja impossível conseguir a cooperação dela afinal de contas. Pergunto-me se será útil continuar conversando com ela. Talvez seja melhor procurar alguém que vai cooperar comigo.


“Impossível. Não tem como eu desistir. Se eu for assassinado, então, o próximo alvo do sétimo será você. Você vai ser acusada e morta assim como eu.”


Fremy evitava o olhar dele, pensando em algo. Até mesmo ela deveria entender o que ele disse. Eles conversaram por um longo tempo, era provável que Mora estava vindo atrás deles. Continuar juntos seria perigoso. Mas, no momento em que ele pensou em fugir, Fremy falou.


“Agora você vai ir atrás da Nashetania?” Fremy estava enojada. Ela estava certa na pergunta. Agora que ele havia sido rejeitado por Fremy, Nashetania era a única pessoa que ele podia contar.


“Você primeiro se apoia em Hans, depois eu e então Nashetania. E ainda se diz o Mais Forte do Mundo, huh?”


“... Estou acostumado. Dos outros caçoarem e rirem de mim.”


“Você não tem nenhum orgulho?”


“... Eu tenho.” Adlet disse e, então, sorriu. Sorriu orgulhosamente. “O mais forte do mundo não é alguém incrível. Ele é o menos incrível no mundo. E, com isso, eu vou continuar lutando com unhas e dentes e utilizar do que for necessário enquanto eu puder.”


“...”


“Não se preocupe, deixe comigo. Enquanto eu sobreviver, ninguém deverá desconfiar de você. Confie em mim, Fremy!”


Após dizer aquelas palavras, Adlet deu as costas para a garota e avançou para dentro da floresta.


“Espere.”


Chocado, Adlet se virou para ela.


“Mesmo se disser para acreditar em você, é impossível para mim fazer isso. Eu não consigo te entender.”


“...”


“Como você consegue sorrir? Por que não está com o coração quebrado, sem nenhuma força de vontade? Por que você me protege? O que está pensando? Eu não consigo entender nada disso.”


“Fremy.”


“Eu entendo que é perigoso agora. Mas fique aqui só mais um pouco. Eu quero saber mais sobre você.” Então, numa voz quieta, Fremy acrescentou, “Porque talvez eu acredite em você.”


#


Enquanto isso, Nashetania e Goldof ainda estavam no lado leste da barreira. Havia vários restos de comida no chão, Nashetania pegou alguns e, em seguida, jogou no chão novamente.


Goldof também procurava algo pela área. Ele olhava as árvores uma por uma e checava se não havia marcas estranhas nelas. Porém, ele estava nervoso e sua tentativa de confissão parecia ter criado uma distância na relação que ele tinha com ela. E, como resultado, a atmosfera entre eles era constrangedora e pesada.


“Melhor deixar quieto. É mais importante achar Adlet-san e protegê-lo.” Nashetania disse e começou a se afastar.


Eles estavam longe do templo e não ouviram a luta entra Hans e Adlet, muito menos dos dois contra Chamo.


“Princesa, eu esqueci de perguntar. Por que você suspeita do Hans?”


Nashetania olhou para trás, parou de andar e falou.


“... Eu também achei que tinha algo estranho antes. Mas eu não te contei os detalhes.”


Goldof e Nashetania começaram a andar lado a lado. “Apenas uma coisa está me incomodando. Porém, eu posso simplesmente ter ouvido errado. Se for um engano, sinta-se livre para rir de mim.”


“Não vou. Então, por favor, diga-me, o que você pensa?” Goldof disse, insistindo para ela continuar.


“Eu me pergunto se você ainda se lembra. Quando ele se apresentou pela primeira vez, Hans-san disse, ‘Meow? Ela é uma princesa, mesmo ela sendo uma garota coelho?!’


“Claro que eu lembro.”


“Mas é estranho. Dentro do tempo, quando Hans-san e Mora-san entraram pela primeira vez, ele me chamou de princesa.”


“... Você tem certeza a respeito disso?”


“Você não lembra? Bom, não é de duvidar, ele estava falando de coisas triviais, quase ninguém prestou atenção nele naquele momento.”


Goldof dobrou o pescoço para o lado. Parecia que ele não conseguia se lembrar no final das contas.


“No começo, só pareceu estranho. Eu não pensei que era algo suspeito até algum tempo atrás. E, agora, quanto mais eu penso, mais eu me culpo por não ter notado antes.”


“... Se o que você está dizendo é verdade?”


“Bom, no começo ele sabia que eu era uma princesa. Mas depois ele fingiu que ele não sabia. Por quê?”


Enquanto andavam, Goldof pensou. ”Quando Hans e Mora-san vieram para o templo, eu estava do seu lado o todo o tempo. É possível que ele tenha te chamado de princesa após ter nos visto daquela forma.”


“... Certo. Mas tem mais uma coisa. O momento que Hans-san ficou a favor de Fremy-san quando ela estava sendo ameaçada de tortura.”


“Por que isso é estranho?”


“Tinha algo. Você não notou algo estranho?” Nashetania bateu no rosto com a própria mão. “Por que você não entende, mesmo estando na sua frente? Você finge ser tão inútil assim?”


“... Bom, de qualquer forma, vamos nos apressar. Eu não irei mais duvidar. Eu vou confiar no julgamento da princesa.”


“... Obrigada. Agora, Goldof, você pode olhar para mim? Eu me pergunto se Adlet-san ainda está vivo.”


Nashetania abriu a parte de sua armadura que cobria seu peitoral, e mostrou para Goldof o brasão próximo ao seu pescoço


“Por favor, acalme-se princesa. Ninguém foi morto ainda. Adlet e os outros ainda estão vivos.”


“Certo. Nós estamos fazendo tudo que podemos, Adlet-san. Eu não vou deixar você morrer.”


Os dois continuaram a jornada até o templo.


                                                                                     #


Talvez eu acredite em você.


Quando Adlet ouviu essas palavras, esperança floresceu em seu coração. Hans já era seu aliado. Nashetania provavelmente acreditava nele também. Se Fremy se juntasse a ele, Adlet não precisaria ficar fugindo.


Mas como se destruindo todas as esperanças que ele havia criado, Fremy apontou o rifle para Adlet.


“Eu tenho uma pergunta para você. Por que você me protegeu? Por que não duvidou de mim uma única vez?”


“Por que está apontando sua arma para mim?”


“Caso você esteja me enganando, eu atiro.”


Adlet estava confuso pelo comportamento de Fremy. A pergunta dela era inesperada, e ela parecia impaciente para ter a resposta. Apesar de ela dizer não entender Adlet, do ponto de vista dele, era ele que não a entendia.


Talvez eu devesse contar a ela meus verdadeiros sentimentos? Será que seria o suficiente? Ela acreditaria em mim? Adlet considerava abandonar essas falsas esperanças.


Mas então ele disse, “... É um problema com meus sentimentos. Eu não acho que você seja a inimiga. Eu quero proteger você. Eu não tenho nenhum motivo sólido para explicar o porquê eu me sinto assim ao seu respeito.”


“Por acaso não me ouviu? Eu disse para não me enganar!!”


“Fremy...”


Com o rifle apontado para ele, Adlet procurou em sua mente. Adlet definitivamente apoiava Fremy de uma maneira fora do comum, não só da perspectiva das outras pessoas, mas dela também.


Por quê? Adlet se perguntava, enquanto Fremy o encarava e apontava a arma para ele.


“Responda.”


Adlet silenciosamente respondeu.


“Muito tempo atrás, eu tentei me tornar uma ferramenta para batalhas. Eu tentei jogar fora meu coração humano e me tornar alguém que o único objetivo era matar os Kyomas que roubaram tudo de mim.”


Fremy não perguntou para ele que tipo de história era aquela, ela apenas continuou a ouvir.


“Como você disse, como meu mestre disse, eu pensei que, por ser uma pessoa comum, não teria outra maneira de eu me tornar o mais forte do mundo. Mas eu estava errado.”


“O que era?”


“Eu pensei que eu podia me desfazer do meu coração, mas ele não é algo que pode ser desfeito, ser jogado fora. Independente de quantas vezes eu pensei ter conseguido descartar meu coração, ele continuava vivo, preocupando-se.”


“Você está errado, Adlet.” Fremy disse em uma voz fria. “Eu fui capaz de desistir do meu coração. Mas não era o de um humano, apenas o de um Kyoma. Para ter a vingança contra minha mãe e o Majin, eu me livrei dele e sobrevivi.”


“Você que está errada Fremy. O coração não pode ser abandonado. Afinal de contas, até considerar ter que abandonar seu coração, é por causa dos sentimentos nele.”


Fremy olhava para Adlet, mas ele não conseguia dizer o que ela pensava.


“Desistir de algo para ficar forte é algo que você nunca vai conseguir. Independentemente do que seja, a única coisa que você nunca vai conseguir parar de fazer é parar de se importar com as outras pessoas.”


“...”


“Eu me importo com você Fremy. Apesar de eu não ter certeza quando começou, ontem foi quando eu notei esses sentimentos em mim.”


Com um olhar espantado, Fremy apenas encarava Adlet.

“Era isso que você estava pensando? Quando você e eu estávamos juntos, era nisso no que pensava?”


“Eu apenas realizei meus sentimentos agora. Porém, desde a primeira vez que te vi algo se aqueceu dentro de mim.”


“Então é por isso que você me protegeu?”


“Eu estava preocupado. Quando nós nos encontramos com Nashetania, eu sabia que você era a Assassina das Seis Flores. Mas quando eu vi Nashetania e Goldof suspeitando de você, eu fiquei irado com eles. Mesmo se seu companheiro não confia em você, então eu iria ser aquele que confia em você. E se não existisse ninguém que escolhesse te proteger, ainda assim, eu protegeria você de todos.”


“E depois disso?”


“Eu continuava com o mesmo sentimento, mesmo sabendo que havia um impostor entre nós. Eu pensava que mais importante do que encontrar o sétimo, eu tinha e tenho que te proteger. Em nenhum único momento eu duvidei de você. É natural você achar isso estranho. Mas não posso fazer nada, eu... eu... eu realmente me importo com você.”


“O que você gosta em mim?”


“Até parece que eu sei. Mas quando você tem pensamentos tristes em seu coração, o meu também dói. E mesmo eu sendo o homem mais forte do mundo, eu não consigo suportar a dor de ver você triste.”


“Então... você tem que me proteger?”


Na expressão fria de Fremy, ele conseguia ver um pequeno sinal de confusão. Mesmo que, às vezes, ela parecia ser uma boneca sem alma segurando um rifle, ele tinha certeza que ela não era um monstro sem coração.


Até mesmo ela tinha um coração. E, se ela tinha um, então, ele acreditava ser capaz de alcançá-lo.


“Desculpe, mas é impossível para você me proteger. Eu vou morrer quando matar o Majin de qualquer forma.”


“Por quê?!”


“Quando eu matar o Majin, que lugar me aceitaria? Eu não posso retornar para onde os Kyomas estão. E não tem nenhum lugar em que eu possa viver no mundo humano. Eu não terei outra escolha a não ser morrer. Seria perfeito se o Majin me matasse ao mesmo tempo que eu o destruísse.”


“Não.” Adlet disse balançando a cabeça nervosamente. “Agora vingança pode ser tudo para você. Quando sua vingança acabar, você irá começar uma nova vida.”


“Isto não é uma opção para mim. Os humanos nunca vão me aceitar. Eles nunca aceitariam a filha de uma Kyoma e a Assassina das Seis Flores.”


“Não se preocupe. Eu vou dar um jeito.”


“... O que você está dizendo?”


“O mundo é vasto. Eu com certeza posso achar um lugar que vai aceitar alguém como você.”


“Não diga idiotices. Não existe tal lugar.”


“Você é que está dizendo idiotices. Quem você pensa que eu sou? O homem mais forte do mundo! Se eu digo algo, então, vai acontecer.”


Até mesmo Adlet entendia que o que ele falava era um absurdo. Na situação atual que ele se encontrava, derrotar o Majin era um sonho pálido e distante. Até seus companheiros estavam tentando matar ele. Mas o primeiro passo era acreditar que era capaz. Se ele não acreditasse nele mesmo, então não conseguiria realizar nada.


“Você acha que eu estou mentindo? Você acha que eu sou um idiota? Pois eu não sou. Eu vou te provar o que sou capaz de fazer, sem nenhuma dúvida... E isso é o que eu queria contar para você. É isso que eu sinto.”


Fremy evitava os olhos dele e ficou em silêncio por um longo tempo.


Enquanto isso, as palavras de Hans flutuavam na mente de Adlet, “Fremy vive nas trevas. Ela não ama nem confia em ninguém. Ela apenas se preocupa se tem inimigos próximo a ela e quando os aliados vão se voltar contra ela. Este é o tipo de vida que ela vive.”


Errado, Adlet pensou. Ela não é assim.


“Coisas como confiança, amizade, e proteger os aliados. Esses sentimentos que você tem são completamente opostos aos dela. Você não vai conseguir alcançar o coração dela.”


Hans, eu acredito em você, mas nesta você errou. Eu consigo entendê-la.


O tempo passou, e Adlet esperou silenciosamente e parado.


“... Eu entendo você...” Fremy disse.


Então, Adlet viu. Nos olhos dela, o desejo de matar era óbvio.


O barulho de um tiro ressoou na floresta. Adlet se jogou no chão, desviando do projétil por um triz.


“... Agora eu tenho certeza. Você é o inimigo.” Fremy disse. E, nos olhos dela, Adlet podia ver uma escuridão profunda e vazia.


#


Mora avançava velozmente em direção a Hans. Segurando Chamo nos seus braços, o assassino não tinha como se proteger dos avanços da Santa. Mora, então, resgatou Chamo e libertou os braços e a boca da garota.


“Puha!” Chamo respirava.


Mora, então, deu a Setaria para a garota.


“O que você está fazendo? Por acaso não sabe a quão perigosa ela é?” Hans gritou.


“Fique de olho nele. E não saia daqui. Entendeu, Chamo?”


“Sim, entendido. Pode deixar com Chamo.” Chamo disse com um sorriso sádico.


Mora, então, segurou firmemente no ombro da menina. “Eu disse para ficar de olho. Não para o atacar. Você vai apenas estar sendo egoísta se atacar. Se você fizer isso direito, eu não vou ficar mais brava do que estou.”


“... Ah, então você está brava no final de contas.” Um suor gelado descia pela testa de Chamo.


“Se você for egoísta de novo, eu vou te dar umas belas palmadas na bunda.”


“Entendido.” Chamo disse enquanto pressionava as mãos na sua traseira.


“Mora é forte o suficiente para te assustar, Chamo?” Hans estava surpreso.


Chamo respondeu o homem, “Chamo é muito mais forte, mas... Mora oba-chan é assustadora.”


Mora respirou profundamente. Então, apesar de ela não estar fazendo nada, um som começou a emitir de seu corpo.


“Deusa das Montanhas, empreste-me o seu poder.” Ela murmurou, em seguida, Mora abriu a boca e gritou com força. A voz dela parecia uma explosão.


“PRINCSESA! GOLDOF! FREMY!”


Não era apenas a voz alta, ela também criava um eco que ressonava diversas vezes pela floresta.


“Meow! O que foi isso?”


“Esse é o poder dos ecos. Mora-obachan é a Santa das Montanhas, ela pode fazer um monte de coisas.”


Hans e Chamo pressionaram as mãos nas orelhas. Nenhum deles conseguia ouvir a voz do outro.


“HANS FOI ENGANADO! ELE CONSEGUIU EVITAR A MORTE, MAS ESTÁ EM CONDIÇÃO CRÍTICA. FOI ADLET! ELE É O SÉTIMO AFINAL DE CONTAS!!”


Hans estava assustando.


“MATEM-NO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL! NÃO HESITEM!” E, após dizer aquilo, Mora parou de usar o poder dos ecos.
“O que você está pensando?!” Nervoso, Hans segurava o pescoço de Mora.


“Agora, até mesmo a princesa vai tentar matar Adlet. E apesar de eu não saber o que Fremy tem em mente. Não a nenhuma possibilidade de ela deixar Adlet ir. Então ele está acuado, sem nenhuma opção.”


“... Você, você não pod...” Enquanto Hans fala, um Kyoma com forma de cobra se enrolava em seu braço. Chamo havia cuspido o Kyoma e ele estava prendendo o assassino.


“Mora-obachan. Você quer que eu bata nele até ficar meio morto?”


“Não diga idiotices, Chamo. Apenas segure ele por hora.” Mora esticou o vestido e começou a correr.


“Espere! Espere Droga!”


Hans tentou perseguir Mora, porém, Chamo ainda o prendia.


“Espere! Talvez você seja a sétima?!”


Mora não virou para trás ao ouvir os gritos de Hans. Ela apenas continuou correndo em uma linha reta.


#


Os ecos do grito de Mora atravessaram toda a floresta.


Enquanto Fremy carregava o seu rifle, ela dizia friamente. “Então era verdade.”


Correndo abaixado, o rosto de Adlet tremia de raiva.


“O que diabos você está fazendo, Mora?!”


Ele olhou para sua mão. Não faltava nenhuma pétala na marca. Entretanto, ele se perguntava se Hans estava bem. E ele estava realmente preocupado que Hans estava à beira da morte.


E, mais do que isso, talvez agora ele tenha perdido seus aliados. Com seu coração, ele rezava, Nashetania, por favor, perceba que é uma mentira.


Em sua mão, Fremy produzia uma bomba de pólvora do tamanho de uma maçã. Ela, então, tacou o mais alto possível no céu e a fez explodir. Era provavelmente para Mora, Goldof e Nashetania saberem a localização deles.


Se ele continuasse lá, ele seria cercado. Mas se ele fosse em direção ao templo, ele daria de frente com Mora.


O que eu faço? Como infernos vou sair desta situação?


#


“... Princesa, você ouviu aquelas palavras agora?”


Nashetania estava parada em choque, e não parecia que as palavras de Goldof tinham chegado até ela. Então, eles ouviram o som de uma explosão.


“Isso provavelmente é Fremy. Talvez ela esteja nos dizendo a localização de Adlet. É melhor seguirmos aquele caminho.”


“...”


Nashetania apenas encarava na direção do templo coberto pelo nevoeiro.


“Perdoe-me Hans-san. Você não era o inimigo no final das contas.”


“... Princesa.”


“O que eu estive fazendo até agora?!”


“Bom, vamos indo.”


Goldof segurou na mão de Nashetania e a puxou para frente. Porém, ela ficou parada e não demonstrava que iria sair dali. Ela estava apenas se focando em um ponto no céu vazio, pensando em algo.


“Espere um segundo.”


“O que foi? No que você está pensando princesa?” Apesar de ele estar apressado, Goldof esperou pela princesa.


Entã,o após um minuto, Nashetania se curvou, “Haaa...” Então, ela começou a rir, chocando Goldof. “Haaa, hahaa, ahahaha.”


“Princesa, volte a si mesma. O que foi?”


Nashetania continuou rindo por mais algum tempo. Então, a risada dela parou, e ela falou de uma maneira fria e sem emoção.


“Eu realmente não estive pensando claramente hoje. Tantas coisas aconteceram, mas eu não tinha certeza de nada. Mas estou calma agora. Eu finalmente estou mais calma agora, Goldof.”


“Isso é... Bom.”


“Eu entendo agora,.” Nashetania disse e olhou para Goldof. “Esta é a primeira vez que eu conheço esse sentimento. Um sentimento de puro ódio.”


“Princesa...”


“Não estou dizendo que nunca estive com raiva antes, mas nunca senti tanto ódio assim. Esta é a primeira vez que eu entendo o que o ódio realmente significa.”


“... Princesa...”


“Adlet-san, mesmo eu tendo confiado nele... mesmo eu tendo confiado nele...”


Nashetania estava segurando o florete com força e tremia de raiva.


“Isto é ótimo, Goldof. Desde quando eu iniciei minha jornada, não teve nada a não ser coisas que eu nunca passei antes. E daqui para frente eu vou aprender e passar por experiências únicas e novas!”


Sem sequer olhar na direção de Goldof, Nashetania continuou correndo em linha reta.


“Eu quero saber! Se eu me apoiar no ódio e cortar meu inimigo em pedaços, eu me pergunto que tipo de sentimento eu vou sentir.”


Olhando para Nashetania enquanto ela corria, Goldof não conseguia pensar em nada para dizer.

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Fremy estava perseguindo Adlet. Chamo havia prendido Hans. E Mora, Nashetania e Goldof estavam correndo em direção ao rapaz de cabelos vermelhos. Agora é a hora, pensava o sétimo.


As coisas não estavam indo de maneira perfeita. Originalmente, o sétimo achava que Adlet iria morrer mais rápido. Mas todos ficaram chocados quando Adlet usou Fremy como refém. E também não pensava que Adlet ia continuar correndo por um dia inteiro depois disso.


Adlet era cheio de surpresas. E a alcunha de Homem mais forte do mundo que ele dava a si mesmo começava a não ser uma completa mentira.


Entretanto, tudo que foi necessário era uma pequena mudança de planos. A morte de Adlet era uma questão de tempo desde o começo. Mesmo se ele resistisse por um ou dois dias, o resultado final ainda seria o mesmo.


O sétimo se perguntava qual seria o próximo passo depois de matar Adlet. Era óbvio, a próxima acusada seria Fremy. A morte da garota também seria fácil. Os outros automaticamente se virariam contra ela.


As coisas ficariam um pouco mais difícil após isso. Qualquer um que fosse suspeito seria morto. Se as opiniões se dividissem, eles matariam uns aos outros. Então, sem se apressar muito, o sétimo escolheu continuar sendo cuidadoso e passar despercebido.


Apesar de as chances serem baixas, se o sétimo se tornasse um suspeito, ele iria apenas fugir. Matar duas das Seis Flores já teria sido um enorme feito.


Se Adlet, de alguma forma, parasse a luta pela conversa. Apenas a ordem dos planos do sétimo iria mudar. Tomando a frente na acusação, eles iriam matar Fremy. Depois disso, seria uma boa hora de matar Adlet. Claro, teria algumas dificuldades, mas não seria nada que não se pudesse dar um jeito.


Como um renomado estrategista de batalhas disse uma vez, quando uma batalha começa, o final já está 90% decidido. O sétimo refletia sobre a precisão daquelas palavras.


Quando Adlet colocou os pés no tempo, o sétimo iniciara seu plano de produzir o nevoeiro sem os outros notarem. Naquele momento, o final, já fora decidido.


Porém, algo o preocupava. Qual seria a expressão dos heróis após matar Adlet e Fremy e descobrir que eles não eram os impostores, o sétimo estava desesperadamente segurando a vontade de rir deles até aquele momento e não tinha certeza se iria conseguir se controlar após seu plano ter se concretizado.

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“Fremy! Retorne para o templo! Quando você chegar lá você vai ver que Mora está mentindo!” Adlet gritou enquanto corria pela floresta. Porém, Fremy não respondia. Ela apenas continuava a perseguir Adlet com o rifle pronto para atirar.


Mesmo assim, Fremy estava tendo dificuldades para o atacar, pois, cada vez que atirava, ela tinha que recarregar. Parecia que o rifle não era capaz de dar mais do que um tiro por vez.


“E daí?” Fremy perguntava enquanto seguia Adlet. “Talvez Mora esteja mentindo. Mas isso não muda o fato de que você é o impostor.”


“Por que você pensa isso? Eu...” No momento que ele se virou para gritar, Adlet se abaixou, e um projetil passou onde sua cabeça estava segundos atrás. O calor quente do rastro do disparo fazia sua pele queimar.


“...Eu errei.”


Fremy carregou outra vez o rifle. Normalmente, a pólvora e o projetil eram colocados pelo cano da arma com uma vara de ferro, mas Fremy recarregava a arma perto da coronha. Então, Adlet não sabia que tipo de mecanismo o rifle tinha.


“Onde está você Mora?! Adlet está aqui!” Fremy gritou.


Adlet se perguntava o quão próximo Mora estava deles. Entretanto, como ele não sabia qual direção era segura para fugir, ele estava apenas correndo em direções variadas.


Desde o começo, Adlet era mais rápido que Fremy. E se ele conseguisse colocar distância suficiente entre ele e ela, Adlet acreditava que conseguiria sumir da vista da garota. Mas no momento que ele não conseguia mais ver ela, ele a escutou gritar, “Você não vai fugir.”


Desta vez, a bomba foi em sua direção. Adlet pulou para o galho de uma árvore para fugir da explosão. Do outro lado da fumaça, uma segunda e terceira bombas voaram em direção a Adlet, traçando uma parábola no ar.


Adlet jogou facas nas bombas para as derrubar, mas a pressão e a pós-explosão ainda queimou um pouco seu corpo.


Seus estilos de combate eram tão fundamentalmente diferentes que ele mal conseguia se preparar. Era como se ele fosse um pequeno barco tentando lutar contra um Navio de guerra armado de canhões.


Ele está indefeso. Mais uma vez, ele tinha que digerir este fato. O que ele chamava de armas eram sua espada, dardos soníferos, facas de arremesso e bombas de fumaça. Ele também tinha várias bombas, mas elas não podiam se comparar com as de Fremy.


Mas, independe de qualquer coisa, Adlet era o mais forte do mundo. Era nisso que ele acreditava.


Sem se preocupar com as casualidades, bombas voavam por todo o local. Uma bomba, porém, escapava das defesas de Adlet. Então, ele pulava do galho que se encontrava, encurvava o corpo numa forma de bola e se endurecia para o choque da explosão.


“Eu não me permiti sentir aliviada ao terminar meu objetivo. Não até os meus olhos verem claramente meu inimigo reduzido a uma gosma de carne.”


Adlet sabia que se fosse atingido por mais uma bomba, ele iria morrer. Então, antes que ela lançasse outro dos explosivos, Adlet jogava um dardo de dor nela.


“HU!”


Por sorte, acertou.


E, no momento que Fremy parou de se mexer, ele foi capaz de fugir. Porém, Adlet desafiadoramente continuou onde estava. Se ele corresse sem f6olego, seu sangue não iria circular em sua cabeça. E se ele não pudesse pensar, ele não seria capaz de viver.


O que eu faço agora? Ele se perguntava se deveria expor o método para produzir o nevoeiro, era melhor ele ir atrás de Hans. Mas no final ele acreditava que nenhuma das opções era a certa.


Fremy era a chave. Se ela não acreditasse nele, ele não tinha nenhuma chance de suceder.


Então, ele não podia fugir. Ele iriar confrontar o coração da garota que não acreditava nele.


“Por que você pensa que eu sou o impostor?”


A fumaça começava a se desfazer e Fremy aparecia no campo de visão de Adlet. Ela rapidamente retirou o dardo de dor que estava cravado em seu ombro e o jogou no chão.


“... Não se atreva a dizer uma única palavra!”


As palavras de Fremy estavam cheias de rancor. Mas ele se perguntava o porquê. Ele não havia feito nada que a faria nervosa. Porém, mesmo ela estando irritada, parecia ser também um bom momento para tentar compreender ela. Se ele descobrisse o porquê de Fremy estar magoada, talvez ele encontrasse uma maneira de mudar a cabeça dela.


“Responda minha pergunta, Fremy!” Adlet falou firme. Tentar falar com cuidado só a afastaria mais ainda.


“Eu posso ver sua verdadeira natureza. A verdadeira natureza de um trapaceiro covarde.”


“Responda!”


“Eu vejo as mentiras escondidas em suas palavras. Você falou todas essas palavras bonitas e reconfortantes, mas você só está tentando me enganar.”


“Eu estou dizendo o que eu realmente sinto!! Você não entende nada!”


Fremy estava formando uma bomba gigante em suas mãos enquanto olhava para Adlet. Ela provavelmente pretendia explodir a área inteira que eles se encontravam. Mas Adlet resistia a vontade de fugir e ficava exatamente onde ele estava.


“Você sempre está dizendo as mesmas mentiras. Eu confio em você. Eu vou proteger você. Eu estive pensando em você.” Enquanto ela falava, Adlet conseguia ver que os olhos da garota ficaram úmidos. “Eu não serei enganada novamente. Entenda, eu não considero alguém me protegendo algo conveniente. Eu luto sozinha, vivo sozinha e vou morrer sozinha.”


“... Fremy.”


“Agora eu sei. No meu corpo, na minha pele, eu finalmente aprendi que é muito melhor não confiar em ninguém do que confiar e ser traído!” Ela gritou e jogou a bomba. E enquanto Adlet via o explosivo se aproximar, ele pensava sobre o passado de Fremy, quando as pessoas que ela amava traíram ela.


Não era que Fremy não confiasse das pessoas. Ela fortemente decidira em seu coração que não iria confiar em ninguém, assim, não seria traída. Mas se alguém olhasse por uma perspectiva diferente, a pessoa poderia enxergar que, no fundo do coração dela, ela desejava confiar em alguém.


Adlet saltou para trás, e a bomba se chocou contra o chão abaixo de seus pés. Não era uma bomba de fumaça ou gás lacrimogêneo, mas uma bomba feita para matar. Ainda assim, mesmo ele tendo pulado para trias, ele não havia escapado completamente intacto. Não havia nada que ele pudesse fazer para prevenir seu corpo de ser arremessado com o choque da explosão. Ele, por pouco, evitara a explosão em si da bomba, recebendo marcas de queimado em todo seu corpo.


“Fremy! Você o matou?” Uma voz gritou de trás de Adlet.


“Mora!” Adlet e Fremy gritaram ao mesmo tempo.


Mora avançava em direção à Adlet violentamente.


“Não use uma bomba. Ajude-me com seu rifle! Eu vou matar Adlet!”


Fremy descartou a bomba que ela tinha acabado de fazer e preparou o rifle. ,E com um punho coberto com a armadura, Mora se aproximou.


Adlet se levantou, deu suas costas apara Fremy e correu em direção a Mora.


Mas, no exato momento que o soco dela iria conectar, ao mesmo tempo que Fremy havia disparado a arma, Adlet mergulhou no chão. Ele estava indefeso e não tinha como se defender do projetil, porém, ele continuava vivo. O tiro foi ricocheteado com um som metálico, mas não havia sido Adlet a parar o tiro.


Era Mora.


“...Mora. Por que você bloqueou?”


“Acalme-se. Olhe mais perto, Fremy.”


Adlet havia caído de joelhos aos pés de mora, com as mãos estendidas, palmas para cima. Era uma postura de rendição.


Fremy havia abaixado a arma e Mora olhava para ele o máximo que ela podia.


“Por acaso, finalmente resolveu se render? Bom, é tarde demais. Não pense que isso vai salvar a sua vida.” Fremy falou.


“... Então você está se livrando de outra pessoa huh?” Adlet comentou.


“Mas antes de matá-lo, vamos ouvir a história dele, conte-nos tudo desde o porquê nos traiu e qual seu objeto, etc.” Mora disse.


Adlet olhou para ela e disse, “Hans está bem e a salvo?”


O que Adlet estava temendo era que Chamo e Mora haviam se juntado e espancado Hans até ele ficar incapacitado. Mas a expressão de Mora mudou levemente, e, daquela pequena ação, ele entendia que Hans estava a salvo.


“O que você está dizendo? Não foi você que o feriu?”


“... Se ele está a salvo, então está tudo bem.”


Adlet não podia fazer nada, porque a mão de Mora estava em sua cabeça. E, naquela distância, se ela atacasse com o punho, ela esmagaria a cabeça dele contra o chão.


“Bom, então. Fale. Por que você se aliou ao Majin?  Nos diga os detalhes de como você possui um brasão falso.”


“Infelizmente, eu não tenho nada a dizer sobre isso. Eu posso apenas dizer o que vocês já ouviram todo esse tempo.”


“Então, morra.”


No momento que Mora ergueu seu punho, Adlet gritou. “Após isso, a autenticidade de Fremy será comprovada!”


Com um olhar de supressa, Mora parou o ataque. Então, olhou diretamente para Fremy. Mas como ela estava atrás de Mora, ela não sabia que expressão a atiradora tinha no rosto.


“Você pretende perguntar o que eu quis dizer? Você pode dizer que não, mas tudo vai ficar mais claro se você o fizer.”


Mora não respondeu. Em vez dela, Fremy perguntou, “O que você quer dizer?”


Você perguntou afinal de contas, Adlet pensou, então, ele continuou a falar. “Eu, de fato, tenho uma teoria. Eu estou assumindo que a pessoa que ativou a barreira é um dos sete que se dizem os heróis das Seis Flores. Não tem nenhuma prova que alguém mais entrou no templo. E como nós não temos tempo, eu vou ignorar essa opção.”


“Você é o impostor, bastardo. Já não existem provas suficientes a respeito disso?”


Parecia que havia um pequeno tremor na voz de Mora, mas Adlet resolveu ignorar.


“Eu não vou sacar uma arma. Então não ataque, apenas fiquem quietas e observem.” Adlet disse, então, com sua mão esquerda, procurou em um dos seus bolsos no cinto. Então, ele tirou uma pequena garrafa de ferro e colocou na frente dele.


“Este é um químico feito pelo meu professor. É valioso, então, tome cuidado.”


“... Seu mestre? Poderia ser...”


Mora não conseguia achar as palavras para continuar. Talvez ela conhecesse Atro, mas não havia tempo para confirmar aquilo.


“Este produto foi criado para encontrar traços de Kyomas. Ele vai reagir as secreções criadas unicamente pelos corpos dos Kyomas e mudar de cor.”


“...”


Mora tinha uma expressão duvidosa, porém, com um olhar convicto Adlet disse, “Fremy, dê-me um de seus projéteis. Jogue para perto de mim.”


Um objeto veio rolando até o lado de Adlet. Fremy queria ouvir o que Adlet tinha a dizer. Para Adlet, aquilo significava que ela ainda, nem que fosse só um pouco, achava que ele não era o impostor.


Olhando para baixo, Adlet abria a garrafa com ambas as mãos e pintava o projétil com o produto. O mesmo mudava para vermelho e, após 30 segundos, voltava ao normal.


“Você acha que isso é um truque? Se sim, então examine de perto. Você vai entender que esse é um elemento químico que reage aos traços de um Kyoma.”


“O que diabos você está pensando?” Mora falou exasperada.


“Eu passei esse produto no altar onde a barreira foi ativada. Mas o altar não mudou de cor. Hans também observou isso. E, como você viu, o produto também reagiu a Fremy.”


“...Adlet.” Fremy estava prestes a dizer algo, mas parou.


“Fremy nunca tocou o altar. E esta é a prova que ela é de fato uma das Seis Flores. Esta é a prova que não foi ela que ativou a barreira.”


E, com aquilo, ele fora capaz de provar que Fremy não era a impostora. Não importa que tipo de armadilha o sétimo havia preparado, Fremy não podia mais ser acusada. E mesmo se ela fosse, Hans provavelmente a protegeria.


Ouve a possibilidade de ele fugir de Mora, mas ele escolheu proteger Fremy. Talvez, por essa escolha, Adlet morreria, mas ele colocava toda a sua energia no que era mais importante para ele, então, ele não se arrependia de sua decisão.


“Mora, se você é a sétima, então, bem feito para você. Eu acabei com seu plano de acusar Fremy e tentar se livrar dela.”


“Fremy, não se deixe ser enganada. Não pense nessas coisas.” Mora disse.


“Fremy, após eu morrer, encontre o sétimo. Você pode confiar em Hans. Trabalhe junto com ele.”


“Não deixe ele te enganar Fremy. Você entende, certo? Ele vem tentando te enganar desde o começo. Ele estava apenas se aproximando, sendo legal, para ganhar a sua confiança, não há nada mais do que isso.” Mora tentava persuadir Fremy, mas Fremy não dizia nada.


“Adlet!” Mora fechou a mão em um punho e se preparava para bater. “Devo admitir que você é muito mais do que parece ser, até eu pensei que você era um dos verdadeiros.”


“Não me mate, Mora. Você vai se arrepender se eu for um dos verdadeiros.”


“É exatamente por isso que tenho que tomar essa atitude.” Mora gritou para Adlet. “São comportamentos como esse que fazem você tão perigoso. Se eu não te matar aqui e agora, todos vão acabar acreditando em você!”


Adlet fechou os olhos. Ele não tinha como esquivar do ataque de Mora. Não havia mais nada que ele pudesse fazer.


Ele ouviu o som do ar se chocando contra o punho de Mora que descia em direção a sua cabeça. Mas, então, outro barulho foi ouvido. Era um som agudo e metálico, vibrando através do ar.


“Tola!” Mora gritou.


Adlet abriu os olhos e via uma fumaça branca saindo do rifle de Fremy.


O projetil havia ricocheteado no punho de ferro de Mora.


“Adlet. Eu odiei tudo em você desde a primeira vez que nos encontramos.” A expressão de Fremy estava fria. Porém, uma única lagrima escorria dos olhos dela.


“Eu odiei o fato de que eu estava começando a confiar em você.”


“Pare Fremy! Não seja enganada!”


“E até agora eu ainda te odeio. Na verdade, quanto mais conversamos, mais eu te odeio. Mas eu acredito no que você está falando. Mesmo eu tendo jurado que nunca ia acreditar em ninguém nunca mais em toda a minha vida.”


“Fremy!”


Novamente, Mora ergueu seu punho. Porém, Adlet se contorceu para o lado e esquivou do ataque dela.


“Basta! Eu vou me livrar de você eu mesma!”


Adlet pegou sua espada e ficou de pé. E Mora, que agora tinha a mesa virada contra ela, mais uma vez, tentava atacar Adlet.


“Corra Adlet!” Fremy gritou enquanto tacava uma pequena bomba.


E então, Adlet correu, pensando que ele e Fremy eram capazes de se entender. Mas, mesmo com essa evolução, a vitória ainda estava longe. Ele ainda tinha que expor como o nevoeiro havia sido produzido.

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